Agradeço a todos que partilharam este ano comigo, prestigiando a Trilogia do Anjo.
Obrigada por todas as visitas e comentários gentis.
Um 2.010 com muita paz, alegria, amor e prosperidade.
Beijos!
Imagem daqui.
Hoje é o dia de meu casamento. Acordei chamando por Adriel, em mais um dos sonhos que me atormentam desde sua morte. Será que Elros está certo e com o casamento eles terminarão? Então porque estava sentindo-me assim, como se estivesse o traindo?
Porque esta tristeza e melancolia no dia em que deveria estar tão feliz?
Passei o trinco na porta do quarto. Daqui a pouco Tana e Niis entrariam e os preparativos começariam, mas antes queria alguns momentos a sós. Afastei o voil da cortina da janela e olhei para Etera.
O entorno do palácio estava enfeitado desde ontem. Tinham limpado os sinais da festa de posse de Elros e Gnom e preparavam agora a festa de casamento. Vi a algazarra de encantados indo e vindo atarefados, fazendo florir árvores e plantas, revivendo o gramado verde, iluminando as cores e mesmo em ocupações mais simples, como a instalação do altar, de cadeiras, da passarela por onde caminharia durante a cerimônia, panos e enfeites sendo afixados e tudo ganhava forma rapidamente.
Voltei o olhar para o quarto e fixei-o no vestido de noiva, próximo ao espelho. Bastou o desejo para que ele estivesse no corpo, meu cabelo arrumado, o rosto maquiado, como seria na hora. Agora que dominava a magia não precisava mais perder tempo com detalhes e ocupações como estas.
Observei-me no espelho. O vestido fora tecido sem costuras, por centenas de bichos da seda sob o comando das fadas estilistas. Minúsculos diamantes incrustados faziam com que brilhasse quando me movia. Era talvez o mais belo vestido de noiva que já existira.
A imagem que via era de uma rainha, uma mulher segura, independente e forte, como de fato tornara-me nestes anos em Etera, sem Adriel. Aprendera a tomar decisões, a assumir responsabilidades, a cuidar de meu povo, a arcar com o resultado de meus atos. Tudo isto estava refletido em minha imagem, desde os ombros aprumados até a cabeça levantada e ereta.
Senti orgulho de mim, naquele momento, lembrando os vários momentos difíceis que vivera e do quanto aprendi com cada dificuldade, cada instante em que tive que recuar e depois retornar por outro caminho. Se Adriel estivesse vivo hoje, tudo seria tão diferente. Nossa estória não teria tido aquele final. Eu não era mais uma menina indefesa e frágil. Hoje estaria ao seu lado, lutando com ele em igualdade e ele não precisaria jogar-se na frente de uma flecha para me defender.
Adriel…
Invoquei minha imagem em nosso casamento em Etera e olhei-me no passado através do espelho. Lá estavam meus olhos brilhantes e ingênuos, cheios de fé, alegria e confiança, sem jamais imaginar o que nos aguardava logo após.
Chorei pela jovem que fora, pelos meus sonhos mortos, pelo amor que tive que sufocar para sobreviver e pelas saudades que me envolveram como uma gigantesca e invisível mão. Senti a faca novamente remexendo-se em meu coração, como deixara de sentir a muito tempo e a sensação foi familiar e boa. Tirei a faca e deixei sangrar. A dor cobriu-me inteira e jogou-me ao chão pela intensidade. Respirar era difícil, mas consegui controlar aos poucos.
Percebi que estava mais viva com a dor do que sem ela. Errei em tentar esquecer Adriel, percebo agora. Ele era a parte mais bela do que sou e quando abafei a dor, desapareci também com meu melhor. Estava errada ainda agora, ao pensar que poderia casar com Elros sem o amar. Não apenas ele não merecia isto, como também eu não merecia e nem Adriel.
Por todos nós, por tudo que vivemos e significamos uns para os outros, devia ao menos ser honesta com relação a meus sentimentos.
Tirei o vestido e abri a porta. Tana e Niis entraram. Fiquei parada, olhando-os apenas, sabendo que estava despedindo-me.
– Menina, porque trancou a porta? Estamos atrasadas já. Vou trazer seu café da manhã. – Tana como sempre falava aos borbotões, mas parou ao observar minha imobilidade.
– Tana, peça a Elros para vir. Preciso falar com ele.
– Minha menina, é o que estou pensando? Tem certeza? – Ela compreendera, com sua formidável intuição.
– Tenho, Tana. Preciso ir, voltar para mim mesma. – Eu disse, já com os olhos úmidos. Sentiria tantas saudades dela. Querida e preciosa Tana! Agradeci em pensamentos todo o amor que me dedicou.
– Oh, querida! Esperava por isto. Nunca acreditei neste casamento, mesmo sabendo que sem ele você nos deixará. – Ela também chorava ao seu modo, com lágrimas invisíveis.
– Vá, Tana. Chame-o. – Não queria uma cena agora. Não antes de falar com Elros. E ela saiu.
– Niis, meu amiguinho.
– Maise, você vai embora? Não vai se casar? – Ele também compreendera, pelo nosso diálogo e seu pequeno rostinho era pura tristeza.
– Venha aqui, meu amor. – Ele veio e sentou-se em meus joelhos. Abracei-o por alguns momentos, sem nada dizer, esperando até que se acalmasse.
– Niis, eu preciso ir. Não posso casar. Não seria feliz. Seria um erro do qual todos nos arrependeríamos mais tarde. Você pode entender isto?
– Você vai voltar? Algum dia? – Perguntou após fazer um gesto afirmativo com a cabeça e controlar as lágrimas o suficiente para falar.
– Lógico que vou, meu amor. Aqui é também minha casa e o único lugar no mundo onde tenho uma família. Amo você como se fosse meu filho, você sabe, não sabe?
– Eu também te amo, Maise. Por favor, volte logo. Vou sentir muitas saudades. – Abraçou-me, enterrando sua cabeça em meu peito.
– Também sentirei, querido. Você tomará conta de Aza até minha volta? Precisa voar com ele sempre. – Ele prometeu, ficando mais feliz com esta ocupação.
Elros entrou e pedi que saísse, fechando a porta. Ele viu os vestígios de lágrimas em meu rosto e através de meu silêncio compreendeu.
– Não haverá casamento, não é?
– Não, Elros. Sinto muito, mesmo. Por favor, desculpe-me por ter deixado que isto chegasse a este ponto. Você não merece este momento, por tudo que já passou em sua vida e por tudo que fez por mim e por Etera, mas se prosseguisse seria ainda pior.
Ele sentou-se na cama e segurou a cabeça entre as mãos, desconsolado. Se eu pudesse fazer algo naquele momento!
– No fundo eu já sabia. Tive esperanças, mas acho que sempre soube. É Adriel, não é? Tem esperança de que esteja vivo e que se encontrem?
– Não e sim, Elros. É por mim, muito mais do que por ele. É o que preciso fazer para voltar a ser inteira. Para estar viva novamente, necessito que ele viva em mim. Ele e eu somos um e este tempo em que neguei isto fui apenas metade de mim, menos do que sou. Mas é também por Adriel. Não sei se está vivo e se nos encontraremos, mas enquanto existir a menor possibilidade de que isto aconteça, tenho que tentar. Entende?
– Sim. Infelizmente entendo e sei que tem razão. Não se preocupe. Vá. Cuidaremos de tudo por aqui e se um dia retornar…
– Eu vou voltar, Elros. Não vou sumir, não vou desaparecer. Prometo a você. Mas…
– Eu sei. Mesmo que volte, não será por mim, não é? Tudo bem. Agora que sou o Primeiro Ministro tem um bando de lindas elfas dispostas a consolar-me. Quem sabe uma delas não ajuda a curar meu coração partido? – Disse, piscando e tentando fazer graça, apesar da tristeza.
– Elros…
– Não diga mais nada, Maise. Vá. Você sabe que na Terra já se passaram 40 anos?
– Como assim? Não foram 4 anos?
– Não. Esqueceu-se de que o tempo em Etera corre de forma diferente e mais lento do que na Terra?
– Mas… Ficarei velha quando sair daqui?
– Você resgatou sua porção etérea agora e assim como todos nós seu corpo deve seguir o tempo de Etera e não da Terra. Não estou bem certo, uma vez que você é metade humana, mas se levar o medalhão no pescoço, nada ocorrerá. Apenas não o retire de seu pescoço enquanto não tiver certeza disto.
Olhamo-nos uma vez mais, sorrindo um ao outro e abraçamo-nos longamente e ele saiu.
Em um canto de meu armário guardava a roupa com que vim para cá. Calças jeans, camiseta, tênis, relógio. Foi esquisito vestir-me novamente com roupas humanas, mas sorri para a Maise mais familiar que apareceu no espelho.
Tana e Niis entraram. Abraçamo-nos os três, juntos. Prometi que mandaria mensagens e que retornaria em breve e minha mão acenava ainda quando desapareci do quarto para reaparecer em frente ao Portal.
Respirei fundo, usei o medalhão para abri-lo novamente, depois de quatro anos fechado e atravessei a abertura, entrando em Portal do Sol.
Senti-me um pouco tonta com a diferença da atmosfera.
– Como é pesado o ar! – Disse em voz alta, lutando para respirar. Assim que consegui estabilizar meus pulmões, olhei em volta. Estava próxima à casa de Adriel e caminhei até a entrada.
– “Escombros praticamente.” – Observei com tristeza o que o tempo fizera à casa que fora tão majestosa ao mesmo tempo em que desativava a barreira mágica.
Caminhei pelo que restava da casa e dos móveis, lembrando de cada momento que
vivêramos aqui. A cama do quarto de hóspedes onde deitou-me na primeira vez, depois de salvar-me da queda da árvore, a mesa onde fiz o jantar romântico. Revivi a sensação daquele primeiro e mágico beijo, de olhos fechados, ouvindo a música em minhas lembranças e acompanhando os passos sem perceber.
Abri os olhos marejados na varanda e desci à praia. Caminhei em direção à cabana, como fizemos tantas vezes, abraçados ou apenas segurando as mãos do outro.
– “Adriel, meu amor! Onde você está?” – Meu coração estava doendo, meus olhos já nem enxergavam direito e começava a duvidar ter feito a coisa certa ao sair de Etera.
Suportaria viver aqui fora sem Adriel?
Lembrei-me da primeira vez em que nos vimos, quando estava sentada à pedra dele e revi sua imagem naquele local, conforme me aproximava da pedra. Recordava-me tão fortemente que era quase como se pudesse vê-lo lá.
Estava delirando ou realmente ele estava lá? Uma pessoa estava mesmo sentada na pedra ou era minha imaginação?
Parei, incerta, com o coração batendo enlouquecido enquanto observava a silhueta ao longe.
– Adriel! – Gritei, enquanto voltava a caminhar em sua direção, cada vez mais rápido. Ele olhou em direção do som.
– Adriel! – Corria agora, com os braços já abertos. Era Adriel! – “Oh, meu Deus, obrigada, obrigada.” – Era só o que conseguia pensar.
– Maise! – Ouvi meu nome dito por ele, pela sua boca amada, enquanto levantava-se e corria também.
Encontramo-nos a meio caminho e abraçou-me levantando-me do chão, enquanto repetíamos o nome um do outro sem parar e nos olhávamos maravilhados.
– Adriel… – Eu ia perguntar alguma coisa, mas ele colocou o dedo em minha boca.
– Psiu. Não fale agora, pequena. – Então me beijou e finalmente estava em casa e em mim.
As lágrimas tornaram-se uma torrente a cobrir meu rosto, pelo alívio que senti por estar novamente com ele.
– Não chore, querida. – Ele beijava minhas lágrimas e todo meu rosto e eu chorava ainda mais com seu carinho.
– Estou feliz demais. Não posso conter.
– Beije-me. – Ele pediu.
Beijei-o de verdade agora, com a boca aberta, minha língua buscando a dele, com uma fome feroz. Ele correspondeu e deixamos que a imensidão das saudades que sentíamos circulasse por elas, ocupando-nos todos por dentro.
Não percebi quando caímos na areia macia, envolvida como estava com a gama de sentimentos que fluíam entre nós, quente e denso hálito.
O desejo de estar nele e senti-lo em mim era insuportável e tirei nossas roupas com mágica, sem poder aguardar mais e quando senti nossas peles uma contra a outra perdi o ar por alguns segundos e também quando tocou e beijou meus seios.
– Adriel, quero você! Agora! – Não poderia esperar mais um único segundo e deitei por cima dele, fazendo com que entrasse em mim, de uma só vez.
– Ah!!! – Soltei um suspiro, com os olhos fechados, sem acreditar que vivi estes anos sem esta sensação, sem o prazer de sentir-me completa, inteira.
Adriel e eu deixamo-nos conduzir pela poderosa onda que surgia de nossa união e que conduzia-nos a uma explosão, lançando-nos em mil direções e ainda assim coesos e unos em um só ser.
Ficamos largados nos braços um do outro por momentos até que voltássemos a Terra novamente.
– Adriel! – Exclamei ruborizada quando percebi que fizéramos amor na praia, à vista de qualquer um que passasse. Ele entendeu meu olhar para o entorno e riu, beijando-me ternamente.
– Sossegue. Ninguém mais vem a esta praia há anos. – Mesmo assim, vesti nossas roupas com mágica novamente, enquanto o olhava atentamente. Ele estava diferente.
– Suas asas! Não tem mais. Nem aquele brilho. Está diferente! É você e ao mesmo tempo não é. – Observava seu rosto. Eram poucos detalhes, mas percebia agora: o desenho da boca, sutilmente mais fina, do nariz, quase nada menor, o tom dos olhos, a cor dos cabelos.
– Querida, sou eu, não se preocupe. É uma longa estória. E você? Como não envelheceu?
– É uma longa estória.
Caímos ambos em risadas, felizes demais para preocuparmo-nos realmente com estes detalhes.
Mais tarde teríamos todo tempo do mundo para sabermos tudo o que ocorrera um com o outro. Agora queria apenas continuar a sentir a magia de sua presença ao meu lado. Olhei-o embevecida.
Adriel, meu eterno amor e eu estávamos juntos novamente após tanto tempo e eu sabia que agora seríamos felizes para sempre.
THE END
…
Trilogia do Anjo – 3° Livro: Adrien
Sinopse
Maise e Adrien casam-se novamente, reconstroem o complexo e com a ajuda dos Elementais, preparam-se para a batalha final contra os demônios e os Elfos Negros.
Ytzar e Eileen são derrotados, seus restos são queimados e suas cinzas espalhadas pelos quatro cantos da Terra, para que não retornem jamais. Os Elfos Negros que sobrevivem entregam-se e decidem viver em paz, após o perdão do casal. Os demônios são capturados e enviados para uma prisão especial.
O portal entre Etera e a Terra é aberto definitivamente. Elementais e humanos começam a viver em harmonia, embora limitado aos habitantes de Portal do Sol.
Maise continua Rainha de Etera, mas Elros e Gnom é que efetivamente comandam o reino, que aproveita as influências do mundo exterior para modernizar-se, sem perder o contato com a magia, que floresce. Elros casa-se com uma elfa linda e completamente apaixonada por ele. Tana muda-se para a casa de Adrien e Maise.
Aisha nasce após cinco anos, filha de um ex-anjo e uma Elemental, com poderes extraordinários e um futuro decisivo para a Terra. Tana, Niis e Aza vivem ao seu redor, protegendo-a, absolutamente cativados pela menina charmosa e mandona.
Adrien e Maise são felizes por toda a vida, até a morte, velhinhos já, com intervalo de poucos meses entre um e outro.
No mundo espiritual, Adrien revê toda sua família de Celes e Maise, sua avó e sua mãe.
Dos céus, dão um último olhar carinhoso para Aisha e todos os que ficaram na Terra e de mãos dadas, brilhantes e com suas asas de anjos, partem em direção à luz, desaparecendo.
THE END
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Texto registrado no Literar.
Imagem daqui.
Adriel decidiu renascer, por falta de alternativas no momento, mas oito anos se passaram até que isto ocorresse. A falta de um corpo espiritual, de um invólucro para o espírito que era pura energia, dificultava a permanência no útero e vários abortos ocorreram na tentativa de fazê-lo ganhar um corpo físico.
A cada tentativa frustrada era necessária uma pausa para que o corpo dela se recuperasse, mas em compensação Adriel surgia delas com algo, que aos poucos se transformou em um corpo espiritual. Uma camada fina e delicada guardava aos poucos sua energia e somente quando estava completa é que o útero de Michele conseguiu mantê-lo pelos nove meses de gestação.
Nos intervalos entre uma e outra, Adriel retornava a Portal do Sol e prosseguia buscando Maise e Etera, sem qualquer sucesso. Finalmente, 10 anos após os eventos que culminaram em sua morte, Adriel renasce na França, com o nome de Adrien.
Era um bebê fisicamente delicado e Michele e Eliah passaram diversas noites em pronto-socorros e hospitais, velando por sua saúde e rezando pela sua vida. O espírito parecia rejeitar o corpo, ansiando pela liberdade. Graças ao desvelo de ambos, Adrien sobreviveu aos primeiros anos e fortaleceu-se aos poucos, deixando de inspirar tantos cuidados.
Em sua infância, Adrien demonstrava capacidades diferenciadas das demais crianças. Ouvia vozes, via espíritos, tinha sonhos e premonições. Não parecia assustado com estes fatos, mas não gostava tampouco por assustar as pessoas quando contava destes fatos. Com o passar do tempo foi silenciando e tornou-se uma criança quieta e introspectiva, parecendo estar sempre em outro mundo, apesar de aplicado nos estudos.
Por várias vezes perguntou a seus pais sobre uma mulher loira que aparecia em seus sonhos, chorando e chamando por ele. Eliah e Michele tinham decidido não contar nada sobre seu passado, caso ele próprio não recordasse. Sem conseguir ainda nenhuma notícia de Maise, Eliah temia perturbar o desenvolvimento de Adrien com informações que não saberia compreender. Diziam-lhe nada saber sobre a mulher.
Com seu coração doce e meigo, a criança Adrien cuidava dos animais que encontrava feridos ou abandonados e se os pais deixassem traria todos para casa, transformando-a em abrigo. Não podia sair com comida ou dinheiro que acabava por doar aos mendigos e algumas vezes, voltou para casa sem sapatos e agasalhos e foi duro convencê-lo de que não podia doar tudo o que tinha. Convenceu os pais a dar-lhe uma pequena mesada para ajudar os infelizes da rua, e comprava comida, agasalhos, cobertores, remédios e tudo o que necessitassem.
Foi por esta vocação para ajudar os necessitados que o jovem Adrien decidiu-se pela faculdade de Direito quando teve que escolher uma carreira. Como advogado acreditava poder ajudar melhor aquelas pessoas.
Aos 25 anos, formado já, trabalhava com seus pais na empresa de investigação que agora era gigante em sua área, com diversas filiais espalhadas pela Europa. No seu tempo livre criara e cuidava de uma organização sem fins lucrativos de ajuda aos necessitados e ele próprio advogava sem cobrar para vários deles.
Era um jovem alto e bonito demais. Eliah e Michele sabiam que era muito parecido com Adriel, com os cabelos escuros e apenas os olhos eram de um verde mais escuro. As mulheres apaixonavam-se à primeira vista, mas nunca ele interessou-se por qualquer uma delas.
Adrien nada mais dizia sobre seus talentos extra-sensoriais, parecendo mesmo não tê-los mais, mas Michele sabia que à noite ainda sonhava com ela, porque escutava quando dizia seu nome e acordava aflito. Nos dias após estes sonhos ele permanecia ainda mais calado e introspectivo.
Em um final de semana foi com os pais a uma exposição de arte contemporânea, com amostra de artistas de todas as partes do mundo. Estavam caminhando e conversando enquanto apreciavam pinturas e esculturas quando Adrien parou frente a um quadro. Eliah e Michele reconheceram Maise retratada pelo pai.
Adrien parecia hipnotizado pela imagem, aproximando-se o máximo que pode e tocando-a.
– Maise. – Disse seu nome e em seguida desmaiou.
Não conseguiram despertá-lo e foi encaminhado ao hospital onde passou dias entre a inconsciência total e parcial, febril e confuso, dizendo coisas incompreensíveis. Os médicos diziam estar em choque pós-trauma. Seus pais sabiam o motivo, mas nada podiam dizer ou fazer, exceto aguardar.
Quatro dias depois a febre cedeu e recobrou a consciência. Olhou para seus pais e disse:
– Maise. Vocês sabiam o tempo todo e não me contaram. Por quê?
– Adrien, desculpe. Procuramos por ela durante todo este tempo sem encontrar o mínimo vestígio. De que adiantaria contar? Para que sofresse mais? Você recorda tudo de sua vida anterior?
– Não tudo. É um pouco confuso e embaçado. Lembro dos fatos principais apenas. Vocês tinham que ter contado. Agora tudo se encaixa. Entendo tudo: os sonhos, seu choro e tristeza, minha melancolia. Minha vida ganhou um sentido. Vou a Portal do Sol.
– Adrien, meu filho. – Era Michele quem dizia, chorando. – Não há mais nada lá. Exceto as construções fechadas e abandonadas. Vai sofrer com a decepção de não encontrá-la. Esqueça isto. Sua vida agora é aqui.
– Mamãe, você sabe que nunca consegui interessar-me por nenhuma mulher, sempre obcecado pelo rosto de meus sonhos. Preciso ir. Maise está viva, eu sei. Ela vai ao meu encontro.
– Mesmo que vá, Adrien. – Eliah ponderava agora. – 35 anos se passaram desde aquela época. Maise estaria com mais de 60 anos já, enquanto você é um jovem. Como seria possível?
– Não importa. Nada importa que não seja voltar a vê-la. Ela precisa saber tudo o que aconteceu. Não conseguirão demover-me.
Uma semana após, Adrien estava em frente aquela que fora sua casa em outra vida. Não conseguiu entrar, pois estava fechada e compreendeu que também uma barreira de magia a protegia. Caminhou pela praia, recordando-se de todas as vezes que fizeram o mesmo trajeto juntos e em frente à cabana quase podia vê-la, tão bela e radiante de juventude e alegria. Chorou de saudades, sentado aos degraus e surpreso, descobriu que a barreira na cabana era mais fraca do que na casa. Após forçar um pouco, conseguiu abrir a porta e entrou em seu interior.
Tudo permanecia igual, com os móveis cobertos por lençóis cheios de pó. Ali estava a cama onde dormiram tantas noites juntos, a cadeira de ursinhos que lhe dera e a mesa onde fizera tsurus velando por seu sono e tantas outras recordações.
Foi à vila e descobriu que Antônio falecera há poucos anos e que a cabana estava abandonada. Decidiu ficar nela enquanto estivesse em Portal. Limpou todo o pó e ali esteve por 15 dias, sem conseguir qualquer notícia de Maise.
Voltou para a França, decidido a desenvolver suas capacidades e aprender o que pudesse sobre magia. Somente poderia encontrar Maise e Etera através da magia, sabia disto.
Nos próximos anos reuniu informações, freqüentou seitas e organizações religiosas, mágicas ou místicas em busca de um encantamento que abrisse um portal entre seu mundo e Etera. Não houve nenhum que realmente funcionasse, mas acabou por encontrar informações sobre Ytzar e seus demônios e aliou-se a um grupo dedicado a combatê-los.
Aprendeu a lutar com diversas armas, físicas e mágicas e transformou seu próprio corpo em uma arma que poderia ser letal em uma luta. Desde o momento em que resgatara seu passado, soubera que voltaria a encontrar-se com Ytzar e queria estar preparado desta vez.
Uma vez por ano retornava a Portal do Sol e ali ficava por 15 dias, sozinho na cabana, lembrando e chamando por Maise.
Cinco anos haviam se passado desde que recordara de sua vida passada, 40 anos desde sua morte. Adrien tinha agora 30 anos. Maise estaria com 65 anos.
Sentado em sua pedra na praia de Portal do Sol, Adrien imaginava como seria seu rosto, envelhecido, sentindo-se encher de ternura por ela.
A saudade queimava-o a cada dia, mas hoje era particularmente forte e ele não ficou surpreso quando as lágrimas começaram a rolar por sua face.
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Texto registrado no Literar.
Imagem daqui.
1° ano:
Após assumir o trono e ser coroada Rainha de Etera, começa a conhecer os Elementais, visitando-os ou sendo visitada por eles, inteirando-se de seus problemas, forma de vida e necessidades. Descobre que cada grupo tem ressentimentos com os outros, mas principalmente com Gnomos e Elfos. Os primeiros são alvos de preconceito e tentativa de escravização e os segundos acusados de privilégios acima dos demais. Existem também rixas por áreas de terra maiores, em que um grupo acusa o outro de ter apropriado de área do outro. Percebe que os pequenos seres são tão ou mais humanos do que os próprios humanos, com seus defeitos e qualidades amplificados. Ela tenta resolver alguns destes conflitos, mas acaba por perceber que quando mais interfere, pior fica e desespera-se. Ao final do primeiro ano, sua autoestima é baixa e considera-se um fracasso como rainha.
Maise ainda chora todas as noites com saudades de Adriel. Embora sinta que ele está vivo, não sabe onde está ou porque não a procura. Em algumas noites sonha que ele a chama e deseja sair de Etera e partir em sua busca, mas Tana e Elros acham que se ele estivesse realmente vivo iria a Etera em sua busca e que os sonhos são frutos de sua saudade, apenas. Envolvida com todas as questões internas do Reino, ela vai ficando e adiando o retorno.
Começa seu treinamento como Elemental tendo aulas para criar asas, mudar forma e tamanho, usar seus poderes e aprender encantamentos. É um fracasso em todas as disciplinas. Simplesmente não consegue evoluir em nada e questiona mesmo se algum dia conseguirá realizar até mesmo o mais simples encantamento. Seus professores não entendem o motivo da falta de evolução, uma vez que o potencial é visível para todos. Frustrada e aborrecida, acaba por desistir das aulas, permanecendo apenas como humana.
2° ano:
Aos poucos o choro foi silenciando, embora a dor e as saudades ainda sejam fortes. Uma noite ela não chora e quando Elros chega e a vê comendo sem chorar, convida-a para tomar o café à varanda e conversam um pouco sobre assuntos leves. Depois deste dia, tornou-se um ritual encerrar as noites desta forma e uma agradável cumplicidade estabelece-se entre ambos. Ainda que em algumas noites ela tenha recaídas e chore, os espaços vão se alargando.
Trocam idéias sobre Etera, Maise conta sobre a forma de vida do mundo exterior e de coisas que Elros sequer imagina existir como lugares, acontecimentos, tecnologia e principalmente formas de governo. Ele tem muito interesse em política e aos poucos a idéia de transformar Etera em uma democracia vai instalando-se em suas conversas. Maise gostaria de modernizar o reino em muitos aspectos e aquele parecia ser o ponto inicial e principal, uma vez que ela não tem filhos para que sejam seus herdeiros e não pensa em casar-se novamente.
Conversam também sobre Adriel e os sonhos de Maise. Ela se convence de que são apenas fruto de seu inconsciente e das saudades que sente. Aos poucos a lembrança não a machuca mais e consegue lembrar-se dele apenas com carinho, sentindo alegria por ter vivido aquele amor e acalentando-o em seu coração.
Em uma noite são surpreendidos por um ataque dos Elfos Negros que conseguiram entrar em Etera através de um portal negro mágico. Elros defende-a, mas são muitos e ela é raptada em meio à luta. Apesar da desconfiança de muitos de que Elros tivesse participado do rapto por ser o único a presenciar a invasão, os Elementais unem-se e conseguem resgatar Maise, com a ajuda desta que consegue utilizar seus poderes novamente, explodindo Nigro.
3° ano:
O Povo Encantado acusa Elros de ser aliado dos Elfos Negros e sua situação como segundo em comando é questionada. Um julgamento é realizado e ele é absolvido pelo conselho dos anciões por falta de provas, embora a desconfiança permaneça.
Maise é leal a Elros, mas a situação piora e preocupada com o clima de animosidade e com possíveis novas invasões, decide fortalecer Etera. Todos iniciam aprendizados voltados à defesa e à luta, armas são fabricadas e encantamentos desenvolvidos. Unidos em um objetivo comum a situação fica um pouco mais estável, embora os conflitos entre grupos permaneçam.
Ela retoma as aulas e desta vez com grande resultado. Em pouco tempo já é capaz de voar, transportar-se, ficar invisível, crescer, diminuir, assumir outra aparência, invocar encantamentos e principalmente a projetar seus sentimentos em uma área cada vez maior.
Os sonhos com Adriel tornam-se constantes e cada vez mais intensos. Maise quer sair de Etera, mas não pode deixar o reino neste momento. Decide convocar eleições e estabelecer um novo governante eleito por todos. Um pleito rejeita sua decisão. Não querem que deixe de ser Rainha, mas acabam por aceitar a idéia de uma Monarquia Parlamentarista. Maise continuará a ser Rainha, mas um Primeiro Ministro será eleito.
4° ano:
Eleições são marcadas para dali a alguns meses. Elros representa os elfos e Gnom Knur os Gnomos e os demais grupos lançam seu candidato. Começam as campanhas e os conchavos. Grupos unem-se para enfrentar a maioria dos dois grupos principais formados pelos elfos e gnomos.
Mais uma vez vêm à tona as acusações a Elros, que é o favorito. Ele não tem como provar sua inocência e Maise não sabe como ajudar o amigo.
Uma noite conversam e ela está entristecida pelas dúvidas sobre o caráter do amigo. Gostaria de deixá-lo no governo quando sair de Etera em busca de Adriel. Ele diz que seus sonhos continuam porque ela não se envolveu com outro e declara-se apaixonado. Implora por uma chance e pede-lhe que case-se com ele, pelo bem de Etera e pelo seu.
Maise aceita e o casamento é marcado para logo após as eleições. Os sonhos com Adriel são cada vez mais intensos e perturbam-lhe muito. Ela tem esperança de que parem com o casamento e assim alcance alguma paz. Acha que poderá amar Elros com o passar do tempo e lembrar-se de Adriel apenas como uma lembrança bonita.
A poucos dias da eleição, um grupo formado por vários pequenos grupos une-se a Eileen, com quem entram em contato através de um encantamento mágico. Trazem-na para Etera, acreditando que deporá contra Elros, mas ela quer apenas matar Maise e só não consegue por Elros e Gnom que intercedem no momento em que está com um punhal a centímetros da garganta de Maise.
Derrotada, ela confessa a inocência de Elros e o assassinato dos pais de Maise antes de desaparecer em um portal criado por Ytzar.
O povo clama por Elros e Gnom e os dois unem suas campanhas, decidindo trabalhar juntos no novo governo. Elros promete aos gnomos que se for eleito, acabará com os preconceitos e que gnomos e fadas terão sempre os mesmos direitos. Apoiado por elfos e gnomos, é eleito Primeiro Ministro com votação esmagadora. Niis está radiante de felicidade.
Uma grande festa é marcada para a posse de Elros como Primeiro Ministro e de Gnom como seu vice. O casamento será um dia após.
…
Texto registrado no Literar.
Imagem daqui.
Ganho muitos selos. Guardo todos com carinho e não posto nenhum. Alguns são brincadeiras legais e divertidas ou são bonitos, importantes, interessantes, mas se for postar todos que recebo não farei outra coisa no blog e para postar um e não postar outro, prefiro não postar nenhum.
Apesar disto apoiei a idéia da Mamis do Fofocas de Marte de celebrar as coisas boas da vida rebatendo a onda negativa que invadiu a blogos com o Selo Vermelho. Ela criou o Selo Rosa e não apenas faço questão de postar, como estou rosa para acompanhar.
Tenho que citar aquilo que considero legal, interessante ou divertido, coisas ou pessoas que me fazem bem e me deixam feliz.
Como estou apaixonada demais, minha lista é simples:
1° – Ele
2° – Ele
3° – Ele
4° – Ele
5° – Ele …
Como assim não vale? Blog é meu, selo é meu. Faço o que quiser. rsrs
Ok. Ok. Vocês venceram.
1° – Pessoas que fazem parte de minha vida
Ele (kkk), meus filhotes lindos e maravilhosos, minha irmã que é um anjo, minha mãe que será canonizada de tão boa e santa, os amigos tanto da vida real quanto da blogos (principalmente Índia) e minha equipe na lav.
2° – Natureza
Praia, mar, areia, árvores, brisa, vento, chuva, flores, frutos, terra, sol, crepúsculo, mato.
3° – Equilíbrio físico, espiritual e emocional
Estou caminhando. Um dia chego lá.
4° – Anjos da guarda
Coisa mais boa da vida é estar em um perrengue qualquer, orar um Pai Nosso e sentir que ele desaba da 53° nuvem do paraíso em menos de 1 segundo só para confortar e encher daquela sensação gostosa de não estar só. :DD
5° – Atitude positiva perante a vida
Minha alma cultiva flores e borboletas em busca da primavera permanente.
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Agora, tenho que indicar blogs. Vou repassar para um bando de amigos, pela ordem da blogroll, com o desejo de que embarquem na brincadeira e celebrem também as coisas boas da vida. :DDD
A magia da noite – Druida
Índia Manauara
Dá Sorte – Lucky
A Vida sem Manual
Luz de Luma, yes party!
Sonhos Secretos (Meninas)
Click das Fadas
Ócio Criativo
Doce segredo (Val)
Arte Imita a Vida
Arte Ilumina a Vida
Fio de Ariadne
Tudo é História… (Lunna)
Meu querido amigo cafa
Sub-mundos (s)em mim (Daniel)
Memórias de um monstro (Ninha)
Almas Tatuadas (Meninas)
Hybrida (Snake)
Eu e minhas letras (Pâmela)
As filhas do vento (Gabi)
Voz Ativa
Mariquinha Maricota
Cadinho
Feminina e Plural – Eva
Rabiscos de Eva
O Profeta
Entre Pontos e Virgulas
Me abraça? (Lidia)
A Casa do Mago (Marco)
Teorias Impossíveis (Lunna)
Surtadas (Meninas)
Os Olhos do Mundo (Meninas)
Mais Atitudes
E O Vento Levou (Cris)
O Ceu, A Terra (Ceci/Miguel)
As noites Insones em Claro (Benno)
Sopros de Lis
Almas Tatuadas (Meninas)
Coisas Supérfluas (Bella)
*Las tiritas del D.Ramirez*
1 Momento Só
Movido a Vapor (Paulo)
Introspectiva
Quem já ganhou, ganha outro. Fiquem absolutamente confortáveis para postar ou não. :DD
Aproveito para agradecer o último selo que recebi de uma nova amiga, Elaine Barnes, do blog Nas Asas da Coruja. Elaine, já estou te linkando e o Selo Rosa é teu também. Bem vinda.
Também quero oferecer este selo para todos os “sem-blogs” que vierem aqui, especialmente Kaká e minha irmã Tamar. Fiquem a vontade para postarem suas listas no halos. 😀
Beijos e uma semana rosa para todos! :DDD
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Em tempo: Infelizmente, enquanto aqui celebramos as coisas boas da vida, em outro canto, coisas ruins ocorrem. Glória do Mariquinha Maricota, que é uma blogueira antiga e muito querida fechou seu blog por ter sido atacada com comentários maldosos em um momento de fragilidade, às voltas com problemas físicos e outros. Entenda melhor lendo aqui.
Glória, espero que volte em breve, restabelecida e fortalecida, para continuar nos presenteando com sua presença sempre tão digna. Muita luz, saúde e equilíbrio. Fique bem. Aguardamos seu retorno.
Adriel não via a passagem do tempo, mergulhado no desespero por não saber como encontrar Maise.
Aos poucos, percebeu que conseguia dilatar sua forma, atingindo uma área maior na busca de sinais de sua essência. No início fez isto timidamente com receio de perder a consciência, mas logo descobriu que conseguia concentrar-se todo em uma centelha base, podendo enviar as demais tão longe quando quisesse sem perder o controle.
Assim passou dois meses vasculhando todo o planeta, dispersando-se por períodos cada vez maiores e indo mais e mais distante até que não houvesse um único recanto não visitado por uma minúscula parte sua.
Ao fim estava de volta ao ponto de partida, mais uma vez derrotado. Maise não existia na Terra, estava certo disto. Teria morrido ou estaria em Etera, em uma dimensão da qual não tinha acesso. Acreditaria nisto por enquanto, decidiu incapaz de lidar com a hipótese restante.
Sem mais onde procurar, sem ter como ir a Celes, todas as possibilidades esgotadas, sentindo-se desesperar já, lembrou-se de Deus e rezou, pedindo ajuda.
Nada aconteceu exceto sentir-se um pouco mais tranqüilo. Deixou-se pairar sobre a cama de ambos, com os pensamentos soltos, recordando momentos de sua vida com Maise: o primeiro encontro quando fugiu assustada com a visão de suas asas, o encontro para a festa de Antônio, a queda da árvore, no golpe do gatinho e do olhar compreensivo e divertido de Eliah quando chegou com ela ao colo.
– Eliah!!! – Como não pensara em Eliah? Ele era um anjo, mas transitava igualmente entre a Terra, Celes e Etera. Onde estaria que não o encontrara ainda?
Em frêmitos de excitação disparou-se por todas as direções, buscando agora ao amigo, com a esperança estrondeando em suas células. Encontrou seu rastro energético em Paris e rumou para lá, enquanto indagava sobre o motivo deste paradeiro tão distante de Portal do Sol.
Ainda era dia quando entrou no apartamento de um prédio baixo em uma área residencial nos arredores de Paris. O imóvel estava vazio, mas fotos mostravam Eliah sorridente e sem asas, sempre ao lado de Michelle, sua ex-assistente no complexo.
– Ah, deixou as asas! É humano agora. – Compreendeu. Como humano não poderia igualmente ir a Celes ou a Etera, mas talvez soubesse de Maise, do final da batalha ou como ajudá-lo e por isto aguardou até seu retorno.
Era já início da noite quando a chave virou na porta e Eliah e Michelle entraram, carregando pacotes de supermercado, em uma cena íntima que causou uma pontada de dor e inveja, lembrando de Maise e das vezes que fizeram o mesmo.
Só depois, quando Eliah não o viu é que lembrou seu estado completamente imaterial, sem corpo e sem voz. Como falaria com ele? Rodeou, atravessou, envolveu e até mesmo entrou na mente do amigo, sem sucesso aparente. Eliah continuava agindo normalmente, apenas demonstrando-se incomodado, sem identificar a origem ou estabelecer comunicação.
Continuou tentando por toda a noite e até mesmo quando ele estava na cama adormecido. Viu quando o espírito saiu do corpo e projetou toda luz que conseguiu, tentando iluminar-se o suficiente para ser visto.
– Eliah, ajude-me. – Dizia em seus pensamentos.
– Adriel, é você? – Perguntou ele.
– Sim, sou eu, Adriel. – Respondeu agitado e com receio de perder o momento, emendou em seguida. – Eliah, o que houve? Onde está Maise?
– Hei, calma, amigo. Não se preocupe. Ela está bem e em Etera, ao menos estava quando nos despedimos em frente ao Portal há quase 2 anos atrás. E você? Pensamos que sua consciência estivesse perdida para sempre, espalhada pelo cosmo. Procuramos por sua essência por todo universo, sem encontrar
– Eu estava morto. Espalhado, como imaginaram. Não sei como ou porque, mas voltei à consciência, consegui reagrupar-me e voltar para casa, mas não tem ninguém lá e o Portal para Etera foi fechado. Como terminou a batalha?
– Quando você foi atingido, Maise projetou uma força que jogou a todos longe. Os elfos negros e os demônios fugiram. Nós voltamos o mais rápido possível, mas era tarde para você. Coitada, ela não se conformava e durante uma semana ainda acreditou que estava vivo em Celes e quando entendeu… – Deixou a frase inacabada, mas Adriel podia imaginar.
– Preciso voltar para ela, Eliah! Você tem que me ajudar! – A voz mental expressava a angústia pela dor de Maise.
– Não sei o que posso fazer, amigo, sinto muito. Sou humano agora. Não tenho asas, não tenho poderes, nenhum contato com Celes e tampouco saberia como localizar Etera.
– Vamos pensar juntos. Deve haver algo que estamos esquecendo.
– Sem contar que você nem humano é. Sem corpo, de que adiantaria encontrar Maise? Acho que nem mesmo como estamos fazendo agora vocês conseguiriam comunicar-se. Eu estou conseguindo pelo passado de anjo que deixou vestígios em minha percepção, mas penso que ela sequer sai do corpo, quanto mais identificar sua luz e ouvir sua voz mental.
– Tinha esperanças de que soubesse como falar com Celes. Eles saberiam o que fazer para conseguir outro corpo. – Adriel soava mais abatido agora.
– Desculpe por isto, meu amigo. Se soubesse que retornaria nesta situação, creio que teria aguardado antes de deixar as asas.
– Não tem o quê desculpar, ninguém imaginaria isto. E como resolveu deixar as asas? Parecia tão bem encaixado lá. E justo com Michelle? Uma ex-anjo tão tímida?
– Quando era anjo, conhecíamo-nos. Tínhamos perdido o contato entre as várias missões que executamos, mas desde que reencontramo-nos no complexo reavivamos o contato e acabamos por descobrir-nos apaixonados. Deixar as asas para viver ao seu lado foi uma conseqüência natural.
– Compreendo. Eu teria feito o mesmo por Maise, se pudesse. E por que a França?
– Michelle viveu aqui em sua última encarnação. É um local pelo qual tem amor e desejava retornar. Montamos uma pequena empresa de investigação e vivemos bem. Falta apenas um filho para estarmos completamente felizes.
– Acha que é possível? Que possam ter filhos? – Adriel imaginou uma criancinha de cabelos cacheados e olhos claros como os deles. Seria de uma beleza quase irreal.
– Fizemos todos os exames e fisicamente não existem obstáculos. Entretanto ainda não engravidou. – Eliah estava um tanto quanto sério e distraído enquanto dizia isto.
– O que houve? Algum problema?
– Pensei em algo. Adriel, a única forma de conseguir um corpo é renascendo de um ventre humano. Você pode ser nosso filho.
– Renascer? Criança? E Maise?
– Temos que resolver um problema por vez. Não há como entrar em contato com Maise e mesmo que leve mais tempo, você ganhará um corpo novamente. Enquanto você cresce posso continuar buscando uma solução.
– Não sei, Eliah. Perder minha memória desta vida, como os humanos? Esquecer Maise? Impossível.
– Não creio que esqueça Maise. Os detalhes sim, mas o sentimento, o amor persistirá e continuará a chamar por ela.
– Não posso. Não quero esquecer. E, também, deixarei de ser eu. Sem a consciência de quem sou e com as novas influências que receberei, serei outro, diferente. É difícil até mesmo considerar a possibilidade.
– Não consigo pensar em nada mais, Adriel. Vamos refletir por uns dias e depois voltamos a conversar. Quem sabe não temos outra idéia para restabelecer seu corpo ou para contatar Etera e Maise?
– Está certo, Eliah. Voltarei para Portal do Sol e daqui há uma semana encontraremo-nos aqui novamente.
– Combinado. Boa sorte.
– Obrigado pelo apoio.
Durante aquela semana Adriel apenas pensou, buscando por toda e qualquer possibilidade diferente, sem encontrar nada, mas também sem decidir-se pelo renascimento.
Além de tudo que já questionara com Eliah, havia a questão do tempo. A diferença de idade entre ambos seria muito grande. Não que ele deixaria de amá-la por estar mais velha do que ele, mas seu tempo na Terra seria mais curto e, depois que se fosse, como ele viveria?
Outra questão preocupante era a diferença entre espírito e alma. Entendendo pelo primeiro o ser imortal que era e pelo segundo o espírito encarnado e sendo ambos o mesmo ser poderia supor-se que fossem iguais e, entretanto, não eram, constituindo personalidades diferenciadas, onde um poderia ser mais tranqüilo, calmo, reflexivo e outro agitado, tenso, nervoso, por exemplo, ou tendo a alma atitudes que o espírito jamais teria.
Era como uma esponja de vários metros comprimida em um pequeno recipiente. Continuaria a ser a esponja, mas teria outro formato e novas características, além de perder com certeza sua capacidade de absorção.
O espírito, condensado dentro de um corpo pequeno e de alta densidade, perde parte de suas capacidades, tornando-se mais lento e apesar de iguais em essência as idéias surgem na alma menos refinadas, algo grosseiras e limitadas. A alma pode ser considerada uma amostra, um vislumbre da totalidade que é o espírito.
Adriel sabia de tudo isto. Já acompanhara o processo de reencarnação de vários amigos e vira como depois não conseguiam expressar todas as idéias que o espírito continha e às vezes nem mesmo recordavam de seus objetivos. Várias missões foram abortadas porque a alma distraia-se com as influências e necessidades do novo ambiente, esquecendo-se dos propósitos para os quais havia retornado.
Se bem que alguns conseguiam uma quase que perfeita interação entre um estado e outro, lembrou quase como alento.
Como seria em seu caso? O quanto manteria de si no novo ser?
Envolvido nestes pensamentos, quando deu por si, já era o dia do encontro com Eliah e teria que tomar sua decisão. Foi a Paris, ainda incerto do melhor a fazer.
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Texto registrado no Literar.
Imagem daqui.
Adriel estava confuso naquele instante, logo após seu renascer e permaneceu neste estado nebuloso por tempo que pareceu interminável. Pensamentos soltos, pedaços de lembranças, um rosto, uma voz, o nome a girar e revolver-se em sua mente, em um turbilhão grosso e espesso, no qual não encontrava a ponta original a seguir, o elo que daria lógica e estrutura a tudo.
Abandonou-se ao doce rosto em cujos olhos azuis mergulhou. Esqueceu-se do caos imerso na contemplação de sua face e os sentimentos emergiram juntamente com recordações esparsas que aos poucos foram completando-se, pedaços de puzzle que montava-se velozmente.
– Maise, querida. Agora recordo. O que houve? Terei morrido? Onde estou?
Compreendeu sua localização no espaço vendo ao longe o globo azul da Terra e o pensamento impulsionou-o em sua direção. Entrou na atmosfera do planeta sentindo queimar-se com a densidade tão alta, que apagava e comprimia ainda sua forma, modificando-a tal como antes fizera ao seu corpo espiritual.
Foi assim, invisível aos olhos humanos, agrupamento circular de pura energia, que chegou a Portal do Sol.
Entrou em sua casa pelo terraço, como de hábito e estranhou as portas fechadas e a grossa camada de pó por sob móveis e objetos. Ninguém.
– Maise! – Onde estaria? Quanto tempo teria passado? Parecia abandonada. Onde teriam ido? Os pensamentos surgiam em vendaval, com a saudade explodindo em ondas de agonia. Foi à cabana e o cenário era o mesmo. Portas fechadas sob silêncio, vazio e pó.
– Maise! – As perguntas repetiam-se em sua mente. Buscou algo, algum sinal, um indício que fosse que levasse a alguma resposta, sem nada encontrar.
Foi à Portal do Sol. Tudo era igual. A pequena vila respirava ao sol do meio-dia. No bar de Antônio percebeu a data no calendário exposto na parede.
– “Um ano!!! Tanto tempo!” – Foi entendendo aos poucos o que provavelmente ocorrera.
Lembrava-se da flecha, direta e certeira, enviada à Maise, de jogar-se em sua direção, da explosão e de olhar em seus olhos uma última vez querendo reter para sempre sua imagem e então o silêncio, até despertar sem corpo, no universo.
Retornou à sua casa, para ordenar os pensamentos e permaneceu entre ela e a cabana até lembrar-se do Portal de Etera. Buscou-o, deparando-se com o nada onde costumava estar a entrada para o mundo encantado.
– “Fechado!” – Cogitou sobre o final da batalha. Teriam sido derrotados pelos demônios? Capturados? Maise teria voltado para sua casa, na cidade?
– Maise… Onde está você, meu amor? – Era o que dizia, em voz sem som que sequer ecoava nas paredes de sua casa vazia na cidade, realçando ainda mais o silêncio do vazio.
Foi à galeria de François. Lá estava ele, no escritório, aparentemente em um dia normal de trabalho. Na parede retratos de Maise feitos por seu pai. Desejou ter lágrimas que desaguassem e aliviassem um pouco da angústia por vê-la retratada, tão bela e inatingível.
Na Cratera, deixou-se ficar, melancólico, refletindo sobre outros possíveis rumos de Maise. Era como se ainda a visse naquele dia que passaram juntos ali, tão felizes em seu futuro inabalável.
– Celes! Como não pensei nisto antes! – Rumou em sua direção, imediatamente. Lá estavam os conselheiros, sua família e amigos. Haveriam de saber sobre o destino de Maise e também poderiam ajudar a reconstruir seu corpo espiritual. Não poderia continuar desta forma, energia condensada unida apenas por sua vontade.
E tal qual ocorrera da última vez que fizera o mesmo trajeto as energias densas da Terra, sua gravidade o puxava para baixo e agora sem massa, não conseguiu romper os limites do planeta. Tentou uma vez ainda, e outra, e outra, e outra e outra, até compreender que nesta forma estava inexoravelmente preso á Terra.
Abatido retornou à sua casa e apenas deixou-se ficar, consumindo fiapos energéticos de Maise que encontrava aqui e ali. Na cabana pairou pela cama onde velou tantas noites por seu sono, embevecido e encantado.
E assim, vivendo de lembranças, quedou-se por dias que transformaram-se em semanas e depois em meses, sem que percebesse.
Na vila de Portal do Sol rumores diziam de uma alma atormentada que assombrava casa e cabana e teciam estórias sobre um lindo amor perdido para sempre.
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Texto registrado no Literar.
Imagem daqui.
– Adriel! – Acordei gritando seu nome, quente e agitada.
Sonhei com ele, mas foi confuso e lembrava-me mais da sensação. Uma esperança louca esgueirou-se por entre a faca e instalou-se ali dentro.
– “Ele vive!” – Pensei, sentindo as batidas endoidecidas de meu coração e envolvida naquela certeza, quis sair correndo à sua procura.
– O que foi, menina? Ouvi você gritar. Teve pesadelo? – Era Tana que entrava ainda com roupa de dormir.
– Tana, ele está vivo! Sonhei com ele, pela primeira vez! Está vivo!!! Ó meu Deus, obrigada! – Juntei minhas mãos em um gesto de prece e agradecimento.
– Como assim? O que sonhou? O que ele disse? Onde está?
– Não sei, Tana. Não lembro o que sonhei. Apenas sei que foi com ele e acordei chamando-o e com esta certeza de que vive.
– Menina… Sei que não se conforma e é bom que sonhe com ele, mas não se iluda. Vai sofrer mais.
– Eu sinto, Tana. Dentro de mim. Não é uma ilusão. Adriel vive em algum lugar.
– Bem, se estiver vivo virá a Etera, não é? Então vamos aguardar. – Ela disse com jeito de quem não acreditava realmente.
– Sim, vamos aguardar. Ele virá. – Não importava que não acreditasse. Meu Adriel vivia. Era o que meu coração dizia e aguardaria até que viesse.
– Vou trazer seu café da manhã.
– Tana, hoje é o dia da festa e da coroação, mas é só à tarde. Estou pensando em ter a manhã livre, para passear um pouco. Acha que posso?
– Humm… Tem certeza de que está bem? – Olhou-me com olhos críticos procurando sinais preocupantes.
– Estou sim. É só que quero ficar um pouco quieta, pensando, livre destas atividades.
– Tudo bem, mocinha. Vá e entendo-me com Elros.
– Obrigada, Tana!!! – Dei-lhe beijos estalados nas bochechas, vesti-me e tomei rapidamente o café da manhã.
Nos fundos do palácio estava Aza à minha espera e também Niis, meu doce amiguinho, que afastei de minha presença naquele primeiro mês e que agora não deixava-me mais.
Aza era um pégasus. Pertencera à minha avó e puxava sua carruagem pelos céus quando ela não queria ir voando. Agora era bem útil porque ainda não tinha asas e as distancias não eram tão pequenas assim. Elros levava-me algumas vezes, mas eu não gostava de voar em seus braços. Era íntimo demais e recordava-me de Adriel. Ele pareceu perceber e um dia levou-me até Aza.
Era um cavalo completamente branco e com asas imensas e um símbolo da imortalidade.
Eles não envelheciam ou morriam, nunca. Pelo que entendi, era também um ser Elemental, embora de nível diferenciado. Falava pouco, mas tinha personalidade. Disseram-me que ele escolhia um dono e não o contrário e que estava ali de livre vontade, porque adorava minha avó e quando ela morreu, disse que ficaria para ser útil à futura rainha, mas não deixou ninguém mais montar nele.
Parecia conhecer-me, já. Na primeira vez que o vi, fiquei com um pouco de receio porque era muito grande. Ele fez uma reverência muito delicada com as pernas dianteiras e as patas e piscou um dos olhos de forma engraçada.
– Aproxime-se, jovem rainha. Estava a sua espera.
– Você fala? – Perguntei e ele apenas revirou os olhos, como se fosse uma imbecil. É lógico que era, ele acabara de falar, pensei sorrindo e todo o receio acabou.
Passei a mão por seu pelo macio, pelas suas asas tão incrivelmente brancas e depois em sua cabeça. Ele olhou-me firmemente nos olhos e senti que tinha ganhado um amigo muito fiel.
Niis pegou para si a tarefa de cuidar de Aza e passavam os dias juntos.
– Maise! Acordou cedo. Vamos passear? – Ele perguntou com um sorriso imenso, pois adorava todas as vezes que saíamos juntos.
– Bom dia, Niis querido. Bom dia, Aza. Sim. Quero ir ao pequeno lago esta manhã, para descansar antes da coroação. Vamos?
Subi em Aza, com Niis sentado à minha frente. Embora ele pudesse teletransportar-se rapidamente, tinha receio de que caísse e se machucasse antes de conseguir ir para um local seguro.
Aza voava magistralmente e era como se deslizássemos através do vento. Sentia apenas o ar acariciando-me com suavidade e naquele momento fechei os olhos e deixei-me levar pela sensação agradável de flutuar no ar.
Pousamos na beira do pequeno lago, como o chamávamos para diferenciar do grande lago que contornava o castelo. Este era realmente um recanto mágico e rapidamente tornou-se meu predileto.
De uma encosta descia uma pequena cascata que desaguava em uma área circular, pequena e não muito funda, com fundo de pedrinhas lisas e coloridas. A água era de um azul meio turquesa, incrivelmente transparente e que brilhava de forma agradável e não ofuscante.
Ao redor do lago, de um lado um vasto campo de flores do campo, coloridas e muito cheirosas e de outro uma relva macia, de um verde intenso, com algumas árvores e ao fundo o início da floresta.
Tirei o vestido, ficando apenas com o maiô e entrei na água, desesperada por sentir sua tepidez e a sensação gostosa de ser envolvida por elas. Niis e Aza também entraram. Os dois adoravam este lugar tanto quanto eu e ficaram envolvidos em brincadeiras enquanto eu apenas boiava, com os olhos fechados, deixando que a paz daquele momento me envolvesse.
Hoje eu podia sentir isto integralmente. Adriel estava vivo. Não precisava mais culpar-me ou privar-me de qualquer prazer. Saboreei lentamente aquela sensação de prazer, a primeira desde que vim para Etera.
Mais tarde, deitei aos pés de Sally, um salgueiro imenso junto à relva. Ela também falava, tinha descoberto em uma ocasião, mas era mais raro e apenas quando havia necessidade. Era uma árvore antiga e diziam que muito sábia, embora um pouco ranzinza. Suas folhas e galhos eram utilizados pelas fadas, para feitiços de purificação, de cura e para o feitio de varinhas mágicas.
Deixei-me ficar sob a proteção de sua imensa copa e cochilei por alguns minutos, enquanto Aza e Niis saiam em busca das frutas comestíveis que haviam por ali e que gostavam.
Foi um sono confuso, em que flutuava em um vazio branco. Sally apareceu e disse:
– Tenha fé, doce Maise. Cuida de ti, mas mantenha-o vivo em seu coração, para que não deixem de chamar-se e reencontrem-se através desta voz. Lembre-se: tenha fé.
Acordei com Niis que trouxera-me uma guirlanda de flores, bonita, colorida e perfumada.
Olhei para Sally de esguelha e agradeci mentalmente pelo conselho.
– Niis, que lindo! Obrigada querido.
– Fiz para que use na festa. Vai usar, Maise?
– É lógico que vou. Ficará muito bonito com meu vestido todo branco e prata. Agora é hora de voltar.
Era tarde já. Dali a pouco a cerimônia teria início e Tana devia estar descabelando-se toda com minha demora.
Sorri ao pensamento, admirando-me com a facilidade com que voltava à minha face.
Hoje estava feliz e em paz. Adriel vivia. Não sabia onde ou como, nem quando nos reencontraríamos, apenas tinha a certeza de que aconteceria um dia. Até lá eu seguiria em Etera, fazendo o melhor para meus pequenos amigos e preparando tudo para o dia em que ele voltasse.
Adriel… Deixei seu nome envolver-me inteira, estupidamente feliz.
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Texto registrado no Literar.
Informações sobre os poderes dos salgueiros obtidas aqui.
Imagem de Aza daqui.