A Itinerante
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Adriel

50) Fim

by A Itinerante - Neiva 19/08/2009
Escrito por A Itinerante - Neiva

Estávamos sentados no convés apreciando o nascer do sol na Baia dos Porcos, em Fernando de Noronha. Na realidade, nem tínhamos dormido ainda. Nossas noites andavam um tanto quanto agitadas. Adriel não precisava dormir e quando eu sucumbia, ele dirigia o barco ou ia a terra comprar mantimentos.

Durante os períodos do dia em que estava acordada, nadávamos, percorríamos as cidades e vilas que encontrávamos pelo caminho e conhecíamos praias de beleza ímpar. Eu estava apaixonada pelo nordeste brasileiro e achava cada cidade ou recanto mais bonito que o outro. Agora mesmo, passamos mais tempo do que o programado em Fernando de Noronha porque me apaixonara de tal forma pelo arquipélago que não queria ir embora e quase fui seduzida pela idéia de morarmos ali indefinidamente.

Adriel com seu bom senso lembrou-me de Etera, de seu trabalho no complexo e de tudo para o que necessitávamos voltar e contentei-me com alguns dias a mais aqui. Não queria pensar na volta neste momento. Sabia que teríamos muito que fazer por lá. Eu tinha Etera, a questão do reino, o treinamento das fadas para assumir minha potencialidade etérica, Elros a ser decifrado, o preconceito contra os Gnomos para diluir e se possível extinguir e tantas outras questões que nem conseguia enumerar ainda. Adriel também teria muito a fazer com o reforço de segurança ao complexo, o treinamento de defesa do Povo Encantado, o demônio Yzar a ser vencido e, o mais importante de tudo: a busca da cura para seu problema de alteração genética.

Mas, agora todos estes problemas eram tão distantes quanto os sonhos. A realidade consistia em amar o anjo que era só meu.

– Porque este sorriso? Em que está pensando? – Ele indagou curioso.

– Estava pensando em um café da manhã vagaroso no quarto, com chantilly, morangos e você, mas o que estava falando mesmo sobre navegar rápido e chegar logo a Natal?

– Nada importante, querida.

Adriel e eu fomos aos risos para o quarto. Ele não resistia à menor de minhas provocações e eu bem que gostava deste seu jeito de homem fácil que se deixava usar e abusar. E usava e abusava à vontade e com gosto.

Fim

Texto registrado no Literar.

Primeira imagem daqui.

Segunda imagem daqui.

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49) Lua de Mel

by A Itinerante - Neiva 16/08/2009
Escrito por A Itinerante - Neiva


ESTE POST POSSUI CONTEÚDO ADULTO E IMPRÓPRIO PARA MENORES DE IDADE. SE VOCÊ NÃO TEM 18 ANOS, POR FAVOR NÃO LEIA.

Conduzi o barco até um ponto distante da praia. Desliguei o motor e após certificar-me de que estava tudo correto e seguro, fui até a cozinha. Peguei o champanhe que deixara gelando em um balde de gelo, duas taças e caminhei até o quarto. No caminho, passando pela sala de estar, liguei o aparelho de som onde já deixara os CDs que queria como nossa trilha sonora nesta noite, começando com os Noturnos de Chopin.

Maise não estava lá. Deixei a bandeja em uma mesinha e enchi as duas taças. Ainda estava com a roupa do casamento e embora fosse de algodão claro, o dia estava quente. Estava ligando o ar condicionado quando ouvi um ruído às minhas costas.

– Oh! Querida, você está deslumbrante! – Tive que limpar a garganta para conseguir produzir sons, de tão seca ficou ao vê-la em uma camisola pérola translúcida. Ela parecia um pouco acanhada, o que me divertiu, pois fora despudorada quando ainda não estávamos casados e tentou seduzir-me com outra peça sensual. Aproximei-me lentamente saboreando cada centímetro do que via e ofereci-lhe uma das taças.

– Beba, querida. Vai refrescar e acalmar. Antes um brinde. Ao nosso amor, que ele seja sempre maior e continue superando toda e qualquer dificuldade.

Ela brindou e tomou um gole, ainda calada e um tanto trêmula. Peguei a taça de sua mão e depositei ambas na mesa. Peguei em suas mãos e caminhei até a beirada da cama onde sentei-me com ela ao colo.

– O que foi, minha amada? Está com vergonha de seu marido?

– Só um pouco nervosa. Desculpe. – Ela disse com os olhos abaixados.

– Olhe para mim. – Ergui seu rosto com a mão em seu queixo. – Sou eu, pequena. O mesmo Adriel que dormiu ao seu lado todas as últimas noites, o mesmo bobo apaixonado capaz de qualquer loucura por você. Não precisa ter nenhum receio e se não quiser não precisamos fazer nada hoje. – Dei-lhe um beijo suave para reforçar as palavras. Ela retribuiu timidamente.

Olhei em seus olhos para ter certeza de que aquilo era um sim e depois a beijei novamente, ainda de forma delicada só um pouco mais longamente. Ela entreabriu os lábios encorajando-me e fui um pouco mais intenso, enquanto minhas mãos acariciavam suas costas por sob o tecido leve. Ela aproximou-se mais ao mesmo tempo em que começou a corresponder efetivamente ao beijo.

Recostei-a nos travesseiros enquanto meus lábios saiam de sua boca e percorriam a linha de seu maxilar em direção ao pescoço. Ela gemeu baixinho quando mordisquei sua orelha, instigando-me a ousar e minhas mãos aproximaram-se da fita que prendia a camisola na altura dos seios, desatando o laço.

Quando fez menção de levar as mãos a eles, segurei-as impedindo e beijei-a até que gemesse. Afastei-me levemente, com uma das mãos acariciando sua nuca e olhei-a. Sua boca estava rosada de meus beijos, as bochechas quentes e os olhos brilhantes. Maise estava linda, assim, com o desejo por mim refletido na face e senti-me orgulhoso por saber que era minha esposa.

Afastei-me um pouco e deslizei as alças da camisola pelos seus ombros, expondo seus seios, embevecido com a perfeição que se ia revelando. Abaixei a peça até sua cintura e ela ergueu-se para que a tirasse completamente pelos seus pés, ficando apenas com uma minúscula e delicada calcinha rendada.

Sem tirar os olhos de seu corpo, ainda ajoelhado aos seus pés, tirei minha camisa e logo após as sandálias e a calça, ficando apenas com minha sunga branca. Ela olhava-me parecendo esquecida da timidez anterior e quando sentei ao seu lado, tocou meu peito com uma mão, enquanto com a outra puxou-me para si. Sorri satisfeito e antes de atendê-la dei um pequeno beijo em seu seio, arrancando um gemido de prazer.

Abracei-a bem firme, olhei-a com todo carinho que sentia e disse:

– Eu te amo, minha rainha, minha pequena, minha deusa. Você é todo meu mundo.

– Adriel, meu amor. Quero ser tua, completamente.

Agradecia agora ao meu poder excepcional de autocontrole. Sem ele certamente não teria conseguido controlar-me e continuar sendo gentil e suave após esta frase. Beijamo-nos intensamente, com nossos corpos nus totalmente colados, sentindo a pele um do outro pela primeira vez. O erotismo do momento adensara o ar, tornando nossa respiração difícil e pesada.

Toquei um dos seios bem levemente com a ponta dos dedos, sentindo sua pele arrepiar com o contato, enquanto sua boca pausava o beijo para engolir ar. Aproveitei para descer ao seio, percorrendo devagar o caminho com beijos e mordidas leves. Maise gemia baixinho, com as mãos em meus ombros, mas quando abocanhei um deles ela arfou, falando meu nome.

Voltei à sua boca e beijou-me voraz. Minhas mãos continuavam em seus seios e mamilos totalmente excitados e quando desci sugando-os, meus dedos iniciaram a exploração de sua barriga e cintura já igualmente sensíveis.

Maise ondulava os quadris em meio à respiração irregular e gemidos cada vez mais urgentes. Meus lábios acompanharam meus dedos e chegando ao minúsculo triângulo de renda, puxei-o gentilmente para baixo com os dentes.

Afastei-me para concluir a tarefa com as mãos e assim poder vê-la em toda sua nudez.

– Você é linda, linda, linda, querida. E é minha. – Beijei-a comovido com a intensidade do amor que sentia por vê-la assim neste momento.

– Adriel, amor. – Ela parecia implorar por satisfação, mas ainda era cedo. Tinha receio de machucá-la e queria certificar-me de que estava pronta.

Quando meus dedos tocaram sua feminilidade e senti a profusão da umidade soube que estava mais do que preparada, mas fui invadido pelo desejo de provar seu gosto além do cheiro que sentia adocicado a envolver-me. Quando minha boca tocou o centro de seu prazer e senti o sabor levemente salgado de seu prazer fui possuído pelo desejo de mais e mais e mais e beijei e suguei até que ela explodisse em um gozo farto e longo que sorvi até senti-la extenuada.

Tirei minha sunga antes de deitar-me a seu lado, tocando com carinho a sua face afogueada. Ela beijou-me ainda com desejo e tocou-me com cuidado. Afastei suas mãos instantes após. Meu desejo estava no máximo e não suportaria mais.

Afastei suas pernas e posicionei-me com cuidado sobre ela. Quando penetrei, retesou-se por um instante e fiquei imóvel para que seu corpo acostumasse com minha presença e beijei-a até que senti que voltava a relaxar. Comecei a movimentar-me devagar dentro dela sem deixar sua boca e acariciando seus seios com uma mão.

Quando vi que estava totalmente excitada com os movimentos e sem dor, toquei com o dedo um ponto de sua testa para expandir sua consciência. O corpo era pequeno demais para a imensidão de amor que eu sentia e somente o universo era grande o suficiente neste momento.

Senti sua alma expandindo além do corpo. Continuei amando-a com meu corpo ao mesmo tempo em que abraçava seu espírito.

– Adriel, o quê…

– Psiu. Não fale, amor, apenas sinta.

Nós dois estávamos agora simultaneamente em dois planos. Na matéria éramos corpos sensíveis movendo-se em uníssono, no extrafísico éramos gigantes e expandimo-nos pelas estrelas, integrados ao todo e conectados um ao outro por infinitos pontos de luz.

Agora podíamos sentir os sentimentos do outro. Deixei fluir, por todos os pontos de ligação, o amor por ela. Queria que visse o quanto era maravilhoso e perfeito. Ela retornou, emocionada, com seu próprio amor e senti-o iluminar e aquecer cada minúscula fração do que eu era.

Na Terra nossos corpos refletiam esta permuta de sentimentos com movimentos cada vez mais rápidos e intensos, culminando em explosivo e intenso orgasmo simultâneo.

O impacto do prazer fez-nos voltar e precisamos de alguns segundos inertes para ajustar-nos novamente à matéria.

Recobrei-me primeiro e ela estava largada, com os olhos fechados e sorrindo.

– Alô. Tudo bem com você? – Perguntei, soprando em seu rosto para refrescá-lo.

– Uau!!! E pensar que fez-nos esperar todo este tempo para sentir isto! – Ela riu, ainda com os olhos fechados. Ri também, embevecido com a felicidade no rosto de minha mulher.

Expansão de consciência: “Na Expansão de Consciência, nossa mente transcende os limites do espaço, do tempo e da causalidade linear.” Continue lendo e saiba mais aqui.

Texto registrado no Literar.

Imagem da net, infelizmente perdi a fonte.

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48) Casamento em Etera

by A Itinerante - Neiva 15/08/2009
Escrito por A Itinerante - Neiva


Eu mal reconhecia-me neste ser agitado e ansioso no qual me transformara. Lembrei de como era antes de conhecer Maise, a vida ordenada e pacata, com dias inalterados e noites silenciosas. Sim, sentia saudades daquela tranqüilidade, mas não, não voltaria para ela jamais. Nada, nem mesmo toda paz do universo, faria sentido sem Maise. Era o mesmo que perguntar a uma mãe cansada das noites sem dormir por causa das cólicas do filho, se gostaria de não tê-lo tido. Agora entendia que era aquele sentimento, o amor, que movia montanhas, muito mais do que a fé e eu antes era apenas um tolo ingênuo que se acreditava sábio. O amor por uma mulher me fazia ter mais fé do que toda razão anterior.

Agora ela era minha esposa pela lei e pela igreja. Logo seria também pelos olhos da Deusa. Estávamos todos humanos, Elementais e Anjos na mata de Etera, aguardando o sinal da Fada Sacerdotisa para o início da cerimônia Wicca.

Ela traçou um círculo no sentido horário usando uma espada cerimonial e após abençoar cada convidado com saudações e incenso, fez soar o sino do altar para dar início à cerimônia. Maise e eu entramos de mãos dadas no círculo.

Fomos abençoados novamente com incenso e saudações e colocados de frente para ela e o altar no norte, enquanto os convidados para o casamento reuniram-se em torno do perímetro do círculo, dando-se as mãos para formar uma corrente.

De frente para nós ela levantou as mãos para o céu e disse:

“NESTE SAGRADO CÍRCULO DE LUZ REUNIMO-NOS EM PERFEITO AMOR E PERFEITA VERDADE. OH DEUSA DO AMOR DIVINO, EU TE PEÇO QUE ABENÇOES ESTE CASAL, O SEU AMOR E SEU CASAMENTO PELO TEMPO EM QUE VIVEREM JUNTOS NO AMOR. POSSA CADA UM DESFRUTAR DE UMA VIDA SAUDÁVEL, CHEIA DE ALEGRIA, AMOR, ESTABILIDADE E FERTILIDADE.”

Segurou um prato com terra diante de nós para que colocássemos a mão direita sobre ele, enquanto dizia:

“ABENÇOADOS SEJAM PELO ANTIGO E MÍSTICO ELEMENTO TERRA. QUE A DEUSA DO AMOR EM TODA SUA GLÓRIA ABENÇOE-OS COM AMOR, TERNURA, FELICIDADE E COMPAIXÃO PELO TEMPO QUE VIVEREM AMBOS.”

Viramos para o leste e ela tocou o sino do altar três vezes e envolveu-nos com incenso dizendo:

“ABENÇOADOS SEJAM PELA FUMAÇA E PELO SINO SÍMBOLOS DO ANTIGO E MÍSTICO ELEMENTO AR .”

Agora viramos para o sul e ela deu uma vela branca para cada um, que seguramos com a mão direita. Ela acendeu as velas e segurou uma vareta acima de nós, dizendo:

“ABENÇOADOS SEJAM PELA VARETA E PELA CHAMA, SÍMBOLOS DO ANTIGO E MÍSTICO ELEMENTO FOGO. QUE A DEUSA DO AMOR EM TODA SUA GLÓRIA ABENÇOE-OS COM HARMONIA, VITALIDADE , CRIATIVIDADE E PAIXÃO PELO TEMPO QUE VIVEREM AMBOS.”

Agora estávamos voltados para o oeste e de um cálice ela salpicou algumas gotas sobre nossas cabeças, falando:

“ABENÇOADOS SEJAM PELO ANTIGO E MÍSTICO ELEMENTO ÁGUA. QUE A DEUSA DO AMOR EM TODA A SUA GLÓRIA ABENÇOE-OS COM A AMIZADE, A INTUIÇÃO, O CARINHO E A COMPREENSÃO PELO TEMPO QUE VIVEREM AMBOS.”

Untou nossas testas com óleo de rosa e segurando um cristal de quartzo sobre nós, como símbolo sagrado do reino espiritual, disse:

“QUE A DEUSA DO AMOR EM TODA SUA GLÓRIA ABENÇOE-OS COM A UNIÃO, HONESTIDADE E CRESCIMENTO ESPIRITUAL PELO TEMPO QUE VIVEREM AMBOS. E QUE A MAGIA DO SEU AMOR CONTINUE A CRESCER PELO TEMPO QUE PERMANECEREM JUNTOS NO AMOR, POIS O SEU CASAMENTO É UMA UNIÃO SAGRADA DOS ASPECTOS FEMININO E MASCULINO DA DIVINDADE.”

Consagrou nossas alianças de casamento com uma pitada de sal e gotas de água, enquanto dizia:

“PELO SAL E PELA ÁGUA EU PURIFICO E LIMPO ESTES BELOS SÍMBOLOS DO AMOR. QUE TODAS AS VIBRAÇÕES NEGATIVAS, IMPUREZAS E OBSTÁCULOS SEJAM AFASTADOS DAQUI! E QUE PENETRE TUDO O QUE É POSITIVO, TERNO E BOM. ABENÇOADAS SEJAM ESTAS ALIANÇAS NO NOME DIVINO DA DEUSA. ASSIM SEJA.”

Coloquei a aliança no dedo de Maise e ela no meu. Falamos nossos votos de amor e ela consagrou cordas coloridas da mesma maneira que fez com as alianças e então as segurou lado a lado. Seguramos uma extremidade cada e demos um nó enquanto falávamos de nosso amor um pelo outro. Ela então as amarrou pelo meio e disse:

“PELOS NÓS NESTA CORDA SEJA O SEU AMOR UNIDO.”

Pegou a corda com os nós e amarrou nossas mãos juntas. Disse estar mentalizando uma luz branca de energia da Deusa e de proteção nos circundando enquanto nossas auras se uniam em uma só e pediu a todos os presentes para emiterem energia, cantando repetidamente com alegria.

“AMOR! AMOR! AMOR!”

Após haver centralizado o poder trazido para nós e nosso casamento, permaneceu alguns minutos em silêncio e depois retirou a corda de nossas mãos, dizendo:

“PELO PODER DA DEUSA E DE SEU CONSORTE EU OS DECLARO MARIDO E MULHER PELO TEMPO QUE VIVEREM AMBOS. QUE VIVAM JUNTOS NO AMOR. ASSIM SEJA.”

Os convidados aclamaram, aplaudiram e congratularam conosco após ela ter agradecido à Deusa e ao Deus e desfeito o círculo. Ela ainda colocou a vassoura de palha horizontalmente no chão e fez com que nós pulássemos por cima dela juntos e de mãos dadas.

Após o término do ritual de nosso casamento pagão, festejamos com vinho consagrado e bolo de compromisso partido com a espada cerimonial.

Pela tradição eu tinha 12 horas para consumar os votos em um ambiente próximo, devendo voltar após e continuar os festejos. Maise e eu iríamos cumprir o prazo, mas não ali perto e muito menos pretendíamos retornar. Nossa cota de comemorações e espera já terminara. Agora Maise era minha por todas as leis, ritos e tradições e eu chegara ao limite.

Ela estava conversando com algumas fadas e elfos quando fiz um gesto com a cabeça, indagando se estava pronta e acenou de volta afirmativamente. Despedi-me discretamente de alguns convidados, principalmente os de Celes, enquanto ela fazia o mesmo de seu lado.

Encontramo-nos próximos ao altar e peguei a no colo, subindo rapidamente ao som de vaias e aplausos de todos.

Nosso destino não era longe. Voei para a praia maior ao leste de Portal e pousei no centro do barco.

– Lembra-se da viagem imaginária de barco que fizemos no caminho de São Pedro? Não será o mesmo destino, apenas vamos navegar pela costa do nordeste brasileiro, mas estamos sós e espero que esta seja apenas a nossa primeira viagem juntos. Expliquei para uma atônita Maise.

– Anjo!!! Que luxo, um barco só nosso! De quem é?

– De um amigo, um dos anjos reencarnados que protejo. Um líder da Terra. Não pode ir a nosso casamento, mas emprestou seu barco como presente de casamento.

– Fantástico! Não poderia desejar outra coisa. – Ela estava radiante, observando o interior elegante e espaçoso.

– Querida, espere para dizer isto quando conhecer a suíte que tem lá embaixo. – Comentei rindo, enquanto abraçava-a feliz. – Aliás, porque não vai até lá colocar uma roupa mais confortável enquanto levo o barco para longe da terra?

– Sim, Capitão. – Ela respondeu, rindo também. Deu-me um beijo rápido e saiu, apressada e tão feliz quanto eu.

Nossa hora finalmente chegara.

…

A Wicca é uma religião matrifocal e xamânica. Nessa religião são reverenciadas duas deidades principais, representadas em equilíbrio: a Deusa (representada pela Lua e pela Terra, aspecto feminino) e o Deus Cornífero, seu consorte (simbolizado através do Sol e dos Animais, aspecto masculino).

Os princípios da Wicca são: “Sem a nada nem ninguém prejudicar, faça o que desejar”, e “Tudo o que fizer retornará para ti triplicado”. Com respeito, cautela, harmonia e paz, o feiticeiro trilha o seu caminho pela magia imortalizada em seu espírito. Fonte: Círculo Sagrado. Leia mais aqui.

Ritual do casamento: consta em vários sites, mas parece que a fonte original é: Oito Sabás para Bruxas – Autores: Janet & Stewart Farrar – Editora: Anúbis

Texto registrado no Literar.

Imagem daqui.

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47) Casamento em Portal

by A Itinerante - Neiva 13/08/2009
Escrito por A Itinerante - Neiva


– É hoje! – Despertei com o pensamento, coração disparado. Hoje era o dia de nosso casamento. Ao meu lado, Adriel sorriu e seu beijo tranqüilo aquietou-me um pouco. Logo lembrei tudo que tínhamos a fazer e pulei da cama, pedindo-lhe para apressar-se também.

Estávamos na cabana, felizmente. Nossa casa (já considerava a de Adriel minha também) estava um caos, com montes de anjos que não dormiam nunca. A família dele era maravilhosa e fiquei feliz por aceitarem-me tão bem, uma vez que Adriel estava preso na Terra por minha culpa. Alguns conselheiros vieram também e passaram boa parte da noite em reunião, discutindo sobre o futuro do complexo e a busca de cura para Adriel. E ainda queriam fazer despedida de solteiro. Nem imagino como seria uma despedida de solteiro de anjos, mas também não quis arriscar a sorte e praticamente seqüestrei meu noivo para nossa última noite antes do casamento.

Tana chegou, com aquele seu dom característico de saber quando acordávamos para logo invadir. Estava tão alucinada e esbaforida como sempre.

– Menina, é tarde! Vá tomar seu banho enquanto preparo o café da manhã. Sei que tem que ver seus convidados em Portal, mas espero que não demore. As fadas de todos os elementos estão esperando para seu dia de noiva. E você, menino, corra lá para sua casa. Aqueles anjos estão me botando doida com aquele monte de asas batendo para tudo quanto é canto.

Adriel e eu olhamo-nos e explodimos em risadas. Será que quando fôssemos casados ela pararia de tratar-nos como crianças? Difícil imaginar isto.

A manhã voou em Portal atendendo a todos que vieram de São Pedro e a Antônio e Marta, ansiosos por minha aprovação a tudo. Ainda revisei a igreja, antes de ir para Etera. Graças à gentil Thania do cartório, agora não precisaríamos mais ter duas cerimônias, uma civil e outra religiosa e oficializaríamos tudo na igreja.

Em Etera, um verdadeiro SPA estava à minha espera e abandonei-me aos cuidados das fadas, recebendo massagens e tratamentos para o corpo, cabelos, mãos, pés e cada centímetro do corpo. Vesti-me no palácio, ainda boba com a beleza de meu vestido. Tive receio de que os delírios de Tana atingissem as fadas artesãs e surgissem com uma roupa principesca demais para a capela de Portal. Felizmente ouviram minhas idéias e o vestido era romântico e leve como desejei e todo recoberto com uma delicada renda tecida à mão. Simplesmente perfeito!

O casamento era às 19:00 hs e consegui chegar na igreja com apenas uma hora de atraso. Tana entrou para verificar se tudo estava correto e voltou rindo. A igreja estava entupida de humanos e não humanos, imaterializados ou em forma humana. De nada adiantara ter organizado duas cerimônias. Anjos e fadas não resistiram ao desejo de comparecer.

Eu entrei sozinha. Não quis que ninguém substituísse meu pai. Adriel estava deslumbrante todo em branco no altar e segui até ele amparada pelo meu coração completamente enternecido de tanto amor.

Pude sentir sua emoção pelo tremor nos lábios quando beijou minha testa na frente do altar e ajoelhamo-nos para a cerimônia que foi emocionante. Após o início ritual, o padre leu a passagem da bíblia que escolhemos: Carta 13 de São Paulo aos Coríntios.

“Ainda que eu falasse línguas, as dos homens e dos anjos, se não tivesse amor, seria como sino ruidoso ou como címbalo estridente.

Ainda que tivesse o dom da profecia, o conhecimento de todos os mistérios e de toda a ciência; ainda que tivesse toda a fé, a ponto de transportar montanhas, se não tivesse amor, nada seria.

Ainda que eu distribuísse todos os meus bens aos famintos, ainda que entregasse o meu corpo às chamas, se não tivesse amor, nada disso me adiantaria.

O amor é paciente, o amor é prestativo; não é invejoso, não se ostenta, não se incha de orgulho. Nada faz de inconveniente, não procura o seu próprio interesse, não se irrita, não guarda rancor. Não se alegra com a injustiça, mas regozija-se com a verdade. Tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.

O amor jamais passará. As profecias desaparecerão, as línguas cessarão, a ciência também desaparecerá. Pois o nosso conhecimento é limitado; limitada é também a nossa profecia. Mas, quando vier a perfeição, desaparecerá o que é limitado.

Quando eu era criança, falava como criança, pensava como criança, raciocinava como criança. Depois que me tornei adulto, deixei o que era próprio de criança.

Agora vemos como em espelho e de maneira confusa; mas depois veremos face a face. Agora o meu conhecimento é limitado, mas depois conhecerei como sou conhecido.

Agora, portanto, permanecem estas três coisas: a fé, a esperança e o amor. A maior delas, porém, é o amor.

Ao final da leitura estava emocionada demais, controlando-me para não desabar em lágrimas e todo o restante foi envolvido por esta névoa de sentimentos, até o final quando Adriel beijou-me e estávamos casados e saímos em meio aos aplausos e uma chuva de arroz.

Antônio organizara a festa em um galpão próximo a Igreja. Estava entupido de pessoas e acho que ele deve estar ainda a imaginar quem seriam todas aqueles desconhecidos, enquanto Adriel e eu divertíamo-nos observando fadas passando-se por humanos e anjos andando imateriais por entre as pessoas.

Até mesmo François e seus pais estavam divertindo-se e entre conversas, danças, corte do bolo, jogo de buquê, rifa da gravata e todos os rituais típicos, acabamos por sair de madrugada para a cabana, arrastando latinhas barulhentas por toda Portal.

Adriel fez questão de entrar comigo ao colo. Ele estava determinado a cumprir absolutamente todos os rituais e acabara por contagiar-me com aquele entusiasmo um pouco ingênuo, mas tão autêntico.

Ele não me soltou mesmo após sair de seu colo, continuando a segurar minhas mãos e apenas parou, olhando-me sem nada falar. Pelos seus olhos passaram, em sequência, várias emoções diferentes, fazendo com que as sentisse também.

Foi um momento de reconhecimento. Apesar de toda improbabilidade, ali estávamos nós, casados, finalmente livres para viver em toda a plenitude a grandeza de nosso amor. Neste precioso instante, de diálogo eloqüente ainda que silencioso, nós nos encontramos talvez mais intimamente do que em qualquer momento anterior.

Estávamos cansados. A madrugada já cedia no horizonte e dali a poucas horas teríamos mais uma cerimônia e outra festa. Antes mesmo dezenas de convidados de todos os tipos já estariam exigindo nossa atenção em dois ou três locais diferentes.

Nossa respiração ficou lenta, pausada e ofegante, nossos corpos paralisados e tensos naquele instante congelado em que bastaria um gesto para que nos deixássemos consumir pelo desejo selvagem, seco e urgente que estalava no ar.

Adriel fechou os olhos, inspirou razão e eu soube que o momento passara e o programa seguiria inalterado.

Texto registrado no Literar.

Imagem daqui.

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46) Elros

by A Itinerante - Neiva 12/08/2009
Escrito por A Itinerante - Neiva


Elros recebeu-nos de forma muito gentil na entrada do palácio. Ele era realmente bonito, com cabelos claros, quase brancos e olhos tão verdes quanto os de Adriel. O rosto e o corpo tinham uma ossatura agradável, suave e algo nele parecia um pouco melancólico.

– “Também pudera, coitado, dois noivados infelizes.” – Ponderei, lembrando-me de ser cuidadosa ao tocar nestes assuntos.

Passamos pela sala de jantar, com uma mesa imensa e vazia.

– Prefiro usar esta sala apenas em eventos mais formais. Sinto-me oprimido aqui. Incomodam-se em almoçarmos na Pequena Copa?

A Pequena Copa era uma sala de almoço íntima, próxima à de jantar, com uma mesa redonda de 6 lugares, agradavelmente decorada e com grandes janelas com vista para as árvores.

– Absolutamente. – Eu disse. – Aqui está ótimo!

Iniciamos o almoço falando sobre nosso casamento e a lua de mel. Não pude deixar de notar que a expressão de melancolia aprofundou-se e não me contive:

– Você está triste, Elros?

– É assim tão evidente? Perdoem-me. Creio que não superei totalmente os últimos acontecimentos.

– Eileen?

– Sim. Ela também. Foi uma grande decepção. É lógico que conhecia seu temperamento, mas tinha esperanças de que melhorasse com nossa convivência. Agora percebo que nutria uma inveja patológica por Luna e desejava tudo que era ou seria dela, o trono e eu incluso.

– Você a amava? – Eu tinha que saber.

– Não sei. Acho que não. Veja, crescemos juntos, Luna, Eileen e eu. Ela era uma alma perturbada e fazia contraste para destacar ainda mais a serenidade e paz de Luna. E eu ficava no meio, tentando ser imparcial. Luna e eu éramos amigos e nem sei como viramos noivos. Acho que mais porque era um sonho almejado pela rainha e queríamos agradá-la. Não que não gostássemos um do outro, mas não desta forma. Quando ela apaixonou-se por Artur, apoiei, mas ela tinha medo de decepcionar a mãe. Acabou fugindo e teve toda esta separação por tantos anos.

– E você aproximou-se de Eileen.

– Já havia aproximado-me antes. Quando a Rainha pediu que saísse do castelo e fosse viver na vila, pediu-me para ficar de olho nela. E por pior que Eileen fosse, era triste ver como sentia-se humilhada e fora de seu lugar entre nós. Eu era o único com quem ela interagia de uma forma mais sensata. Ela parecia precisar de mim realmente e acabei envolvendo-me. Se isto tudo não tivesse ocorrido teríamos nos casado.

– E agora? – Noivo de uma por amizade e de outra por compaixão. – “Que homem seria aquele?” – Pensei comigo mesma.

– Ah, não sei. Não consegui digerir tudo. Gostava muito da rainha Selena. Sinto sua falta, muito mais do que a de Eileen. Às vezes não consigo acreditar. E agora tenho estas funções à mais, o reino inteiro para cuidar e todos estão tão chocados quanto eu e esperando para saber em que direção iremos.

– Como assim?

– Sobre o Portal. A velha discussão foi reaberta agora que a chave voltou a Etera. O povo está dividido entre os que querem que seja fechado e os que desejam que permaneça aberto.

– Vovó disse que somente eu posso decidir sobre este assunto.

– Sim, o que não impede que o povo fale sobre o assunto e manifeste sua vontade.

– Lógico. O que você acha, Elros?

– Ambos os lados têm seus argumentos e sua razão. É mais uma questão de decidir se as vantagens superam as desvantagens em cada opção. Pessoalmente gostaria que o Portal fosse fechado por um tempo. Estamos fragilizados. Os Elfos Negros podem atacar-nos a qualquer momento e caso aliem-se aos demônios seremos devastados.

– E porque eles atacariam Etera? O que vocês têm que eles possam querer? Ou seria apenas alguma questão de vingança?

– Vingança também, mas fundamentalmente gostariam de ter o domínio de Etera e dos encantados para usar nossos poderes e o controle do tempo.

– Já ouvi falar sobre o tempo em Etera ser diferente do tempo da Terra.

– Sim. Aqui o tempo passa mais lentamente do ponto de vista dos humanos. Para nós um dia é um dia, mas na Terra teria transcorrido uma hora, se tanto. Existem muitas possibilidades de uso deste recurso.

– Acredita que eles o fariam? Que estão prestes a atacar Etera?

– Acho que existe esta possibilidade, Maise. Eileen está com eles agora entregando todos nossos segredos. Se ela quer o trono de Etera, se não abandonou este desejo, irá instigá-los.

– O Portal não pode ser fechado agora. Eu vivo na Terra. Posso descender dos encantados, mas sou humana e é lá que moro. Estou para me casar, vou ausentar-me por quase um mês e no retorno morarei com Adriel em Portal do Sol. Quero transitar livremente entre ambos. Não posso perder o contato com vocês agora que os encontrei. Se o Portal for fechado e eu ficar de fora, não poderei voltar.

– Vocês poderiam viver aqui.

– Impossível. Adriel tem seu trabalho no complexo, viaja por toda Terra para contato com os líderes. E eu não estou preparada para abandonar tudo o que conheço. Talvez algum dia, no futuro.

– Transmitirei sua decisão ao povo. Ao menos o falatório cessará.

– Quando voltarmos da viagem discutiremos as possibilidade de defesa para Etera. Adriel pode ajudar-nos com isto, não é? – Ele permanecia calado durante nossa conversa, apenas ouvindo.

– Lógico que sim. De imediato pedirei que a camada de proteção que nos deixa fora do alcance dos demônios seja reforçada e colocarei alguns de meus auxiliares vigiando o Portal, juntamente com sua guarda. São medidas paliativas que no máximo retardarão algum ataque. O ideal é mesmo que Etera desenvolva defesas mais estruturadas, mas isto requer algum tempo para estudo, instalação e treinamento. Terá que aguardar nosso retorno. – Adriel parecia mesmo envolvido.

– Obrigado. Discutirei com Gnon sobre um plano de defesa provisório. Tentaremos fazer o melhor. – Elros parecia um pouco mais aliviado com a perspectiva de ajuda em nosso retorno.

– Elros, Tana terá o número de nosso celular e poderá chamar-nos imediatamente caso seja necessário. Fale com ela, combinado? – Adriel ofereceu.

– Agradeço novamente, mas espero não ser necessário. Para onde vão?

– É uma surpresa para Maise. Ninguém sabe ainda. – Droga! Estava roendo-me de curiosidade e pensei que ele soltaria sem querer.

– Bem, espero que se divirtam. Aqui está tudo praticamente pronto para a cerimônia. Vão mesmo seguir o ritual wicca?

– Sim. Adoramos toda a simbologia. Amanhã vamos casar na igreja de Portal e depois de amanhã aqui. Teve que ser assim. Não tinha como reunir ambos os grupos em uma mesma cerimônia. – Expliquei.

– Aliás, amor, temos que ir. Meu pessoal de Celes já deve estar chegando. – Adriel lembrou-me.

– Ah, é verdade. Só mais uma questão, Elros: existe mesmo certa rixa entre os elementais com asas e os gnomos ou foi uma impressão minha?

– Não foi uma impressão. Os gnomos foram vistos como uma raça inferior no passado. Hoje em dia este assunto está mais bem resolvido ainda que, infelizmente, o preconceito de alguns permaneça. A rainha suavizou bastante o tratamento que recebem, mas é difícil dissolver séculos de idéias arraigadas.

– E o que você pensa a respeito?

– Aprendi a conhecer e a valorizar os gnomos, principalmente por conta de minha proximidade com Gnom. Gostaria que esta separação idiota não existisse, mas existe e não adianta tentar resolver à força. Temos que avançar devagar.

– Elros, este será mais um tema para discutirmos. Prometo que dedicarei boa parte de meu tempo aos assuntos de Etera tão logo retorne. Agora temos mesmo que ir. Pode desculpar-nos?

– É claro que sim, Maise. Cobrarei sua promessa, não tenha dúvidas. Toda ajuda será bem vinda. E agora, vão. Encontramo-nos depois de amanhã no casamento.

Saímos apressados. Elros pareceu-me realmente sincero e totalmente dedicado aos assuntos de Etera. Que triste isto dos dois noivados.

– “Tomara que encontre logo uma elfa para chamar de sua.” – pensei, desejando que fosse tão feliz no amor quanto eu era.

Abracei meu anjo, ansiosa pelo amanhã.

Texto registrado no Literar.

Imagem daqui.

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45) Noivado

by A Itinerante - Neiva 11/08/2009
Escrito por A Itinerante - Neiva


Aquele mês passou muito rápido com os preparativos para o casamento e todas as cerimônias.

Tana estava eufórica, absolutamente incontrolável e colocou todos os encantados para trabalhar. As fadas artesãs costuravam e bordavam sem parar, fazendo os vestidos das cerimônias e um enxoval completo para Maise e nossa casa. Tudo era tecido com a seda fabricada em Etera, tão pura e leve que enlouqueceria de desejo o estilista mais famoso.

Minha casa estava sendo colocada de pernas para o ar com uma faxina rigorosa e novas disposições dos móveis. Era ali que moraríamos, embora tenhamos decidido manter a cabana como casa de hospedes e também para noites de nostalgia. Nunca poderíamos desfazer-nos daquele local que já abrigara o amor de Luna e Artur e agora o nosso.

Antônio e Marta também adoraram a novidade e ele fez questão de oferecer a festa em sua casa. Acertamos a data com o cartório e com a igreja. Maise estava encantada com o charme bucólico da pequena capela de Portal e seus olhos ficavam sonhadores sempre que falávamos do casamento.

Eu estava preocupado com as alianças. Incomodava-me ver a mão de Maise sem um símbolo de nosso compromisso, mas não tinha como comprar sem ir a São Pedro, o que só poderíamos fazer dali a alguns dias. Na primeira visita a Etera descobrimos que ela tinha herdado toda uma coleção de jóias reais e apaixonou-se pelo anel preferido da rainha, cujo desenho lembrava uma flor. Era realmente bonito e diferente e ficou sendo sua aliança.

Quando fomos para São Pedro, ela fez questão de que eu também usasse uma aliança, embora recusasse a oferta de comprarmos-lhe outro anel. Desta forma, fomos primeiro de tudo a uma joalheria, onde escolhi um modelo que combinava com meu estilo e gravamos nossos nomes e datas no interior.

Maise telefonou a François e combinou um jantar sem nada adiantar. Quando chegamos e viram nossos anéis, seus pais ficaram contentes. François disfarçou, ainda que fosse evidente sua decepção. Acabou alegrando-se um pouco quando disse que no outro dia iríamos à galeria em busca de novas peças para minha coleção.

Eles aceitaram o convite para o casamento em Portal e ficariam hospedados na pequena pensão da vila, juntamente com os outros convidados dela: seus advogados, dois professores e alguns amigos de seus pais. Tínhamos já reservado todos os quartos para o evento. Era um ambiente simples e bem diferente do que François e seus pais estavam acostumados, mas era charmoso, bem arrumado e penso que iriam sobreviver. Minha casa já estava reservada aos convidados de Celes e o complexo também estava lotado com os convidados de meus assistentes.

Não quis ir junto quando ela foi comprar lingerie, mas desde o momento em que retornou com os pacotes, comecei a suar frio de ansiedade, principalmente pela sua expressão maliciosa. Naquela noite, quando adormeceu não resisti e abri sua mala. Um erro que me fez passar praticamente todas as noites em claro até o casamento. Quando ela adormecia e eu fechava os olhos, logo imaginava-a em cada um daqueles trapinhos sedutores e tinha que tomar banho atrás de banho com água fria.

Nestas noites chegava a questionar a idéia de esperar até o enlace, mas queria tanto que nossa primeira noite fosse especial que consegui resistir, ainda que a cada dia sentisse-me mais ansioso e desesperado de desejo.

Estava preparando uma surpresa para nossa lua de mel. Viajaríamos por quase um mês, mas não lhe contei nada sobre nosso destino, o que a deixou contrariada. Embora adormecesse logo sob minha influência, ela também sofria com nossas noites castas e começamos a evitar beijos, por mais singelos que fossem. Foi um alívio retornar para Portal onde a presença de outras pessoas distraia-nos um pouco.

Faltavam ainda duas semanas para o casamento e fomos praticamente todos os dias a Etera. Niis, um jovem gnomo, parecia apaixonado por Maise e era sua sombra, seguindo-a a todos os locais para onde ia. Achamos engraçado quando ele declarou que era seu guarda pessoal e que era sua obrigação proteger a princesa. Acabamos acostumados a ele e ela afeiçoou-se ao novo amigo.

Niis era uma fonte inesgotável de informação, colocando-nos a par de tudo o que acontecia em Etera e através dele ficamos sabendo que existia uma diferença de poder entre as espécies, sendo os gnomos vítimas de um preconceito velado pelos demais. Niis achava que era porque eles não eram belos como eles.

Os gnomos eram gentis, amorosos e amáveis. Gnon Knur, o chefe da guarda, era um sujeito de poucas palavras e muita ação. Dava-nos a impressão de ser uma fortaleza e totalmente confiável. Ele freqüentemente censurava Niis por perturbar-nos e pedia-nos desculpas pelo comportamento do filho, parecendo realmente constrangido. Ao fim até mesmo ele teve que aceitar o fato de que nada afastaria o filho de “sua” princesa. E Maise também não imaginava Etera sem a presença do amiguinho.

Perguntamos-lhe sobre Elros e disse que Elros não era tão ruim com os gnomos, embora aparentemente não estivesse fazendo nada para derrubar esta separação invisível. Disse que não entendia como ele podia gostar da “bruxa” como se referia a Eileen. Contou-nos todas as maldades que esta fazia aos gnomos, uma raça que ela abominava.

Ele também não gostava muito das outras raças, do povo do ar, do fogo e da água. Parecia haver uma tensão no ar, embora aparentemente todos sorrissem felizes.

Todas as fadas receberam Maise muito bem e disseram que ela poderia ser como elas. Aparentemente era só uma questão de aprendizado para que soltasse suas asas e adquirisse controle sobre todos os poderes das fadas, como mudar de tamanho e forma, voar e fazer encantamentos.

Era por ter estes talentos latentes em seu sangue que conseguira ver minhas asas e minha aura e como eu tinha imaginado, bastaria treino para aumentar sua capacidade de visão.

Todas as fadas tinham um dom primordial e elas achavam que o de Maise era a harmonia. Ela tinha mesmo uma capacidade fora do normal de estar bem consigo mesma e achavam que conseguiria expandir este bem estar para fora de si, atingindo quem desejasse. Da mesma forma, talvez pudesse fazer o contrário como uma forma de defesa, mas tanto um quanto de outro dependeriam de longo desenvolvimento futuro.

Não tínhamos ainda conversado muito com Elros, preferindo antes percorrer Etera e conhecer seus habitantes melhor. Agora, praticamente na véspera da cerimônia não podíamos mais adiar e estávamos indo para um almoço no palácio real.

Texto registrado no Literar.

Imagem daqui.

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44) Tradicional e conservador

by A Itinerante - Neiva 10/08/2009
Escrito por A Itinerante - Neiva


– Você quer se casar comigo? Foi isto mesmo que você disse ou entendi errado? – Perguntei, de tão surpresa que fiquei.

– Você ouviu direitinho, não fuja da pergunta. Aceita?

– Sim, sim, sim, é lógico que sim! É o que mais quero na vida. Quando vamos nos casar? Que tal amanhã?

– Ei, calma, mocinha. – Ele riu de minha empolgação. – Podemos ir ao cartório de Portal e ver qual o prazo mínimo. Que tal?

– Antônio vai adorar a novidade. Podemos chamar ele e Marta para padrinhos, o que acha?

– E Tana e Eliah? – Adriel propôs.

– Tana pode usar sua aparência humana, mas Eliah? Aliás, e todos os encantados? Como faremos com humanos e encantados juntos?

– É verdade. – Ele ficou pensativo e tentei visualizar a igreja com todos os convidados. Imaginei o choque dos aldeões ao ver os pequeninos.

– Não vai dar certo. – Eu disse chateada.

– Podemos fazer duas cerimônias. Casamento civil para os humanos em Portal e o religioso com os encantados, em Etera.

– Os humanos vão estranhar se não tiver casamento na igreja e nenhuma comemoração. Vai parecer que estamos escondendo algo, casando assim apressados. – Franzi a testa ao imaginar os comentários.

– Então fazemos três cerimônias e duas festas. – Adriel disse e demos muitas risadas com a idéia.

– Podemos nos casar apenas no cartório, sem dizer nada a ninguém, só com duas testemunhas e depois contar a todos.

– Não senhora. Vamos fazer tudo direito. Quero casar na igreja, com a benção de Deus. Sou tradicional neste aspecto e faço questão. Tana e os encantados também farão questão de um casamento ritual e de muita festa para sua rainha.

– Ai, Adriel, isto vai ser uma trabalheira. Estou cansada só de imaginar.

– É melhor começarmos logo. Quero que estejamos casados em um mês, no máximo. E não vamos dormir juntos neste período. Você é tentadora demais e quero esperar até o casamento.

– Adriel, você não está sendo conservador demais? Se vamos casar, porque esperar?

– Maise, não imaginava casar-me, mas agora que vou, quero que seja perfeito. Faço questão de seguir toda a tradição. Quero ver você entrar na igreja, toda vestida de branco. Ficará linda de noiva.

– Pensei que as mulheres é que faziam questão destas coisas. – Eu disse um tanto chateada.

– É melhor ir acostumando. Sou tradicional e conservador nestes assuntos. E se quiser usufruir deste corpo terá que passar por todo o ritual. – E riu ao dizer isto, o bandido!

– Peste! Aceito então, mas nada feito quanto a dormirmos separados. Se você quer esperar, é problema seu resistir à tentação.

– Sem truques sujos então. Nada de paninhos indecentes. Aliás, por falar neles, espero que faça uma coleção para usar todas as noites depois de nosso casamento. Adorei aquilo.

– Sei. – Tive que rir ao lembrar-me da noite em que usei aquela pequena camisola branca e ele nem conseguia falar direito de tão perturbado. Ele também deveria estar pensando nisto, porque beijou-me até que fiquei sem fôlego.

– Teremos que voltar a São Pedro para comprar. Podemos aproveitar para convidar François e seus pais.

– Hummm… Desde que ele não te chame de querida na minha frente. As coisas mudaram e agora só eu posso te chamar assim. É bom. Assim ele perde todas as esperanças.

– Que anjo malvado você está se tornando! – Gargalhei.

– Não malvado. Apenas humano, muito humano, quando você é o assunto. Você é minha, querida e não vou te dividir com ninguém mais. Nem com Etera. Será rainha apenas de meu coração.

– Etera! Tinha me esquecido disto!

– Está pensando em assumir o trono?

– Não. Ao menos não agora. É tudo tão esquisito. Nem sou uma encantada. Como poderia ser sua rainha?

– Faça como disse a eles, meu amor. Vá conhecendo devagar e se um dia você achar que deve, apoiarei e ajudarei no que puder. Só peço um pouquinho de tempo para nós antes. Vamos viver só nós dois ao menos alguns meses. Concorda?

– Será que devemos esperar para casarmos? Vovó morreu agora. Não vai parecer falta de respeito?

– Você ouviu o que ela disse. Deu-nos sua benção. Queria que você fosse feliz e onde estiver com certeza estará contente com nosso casamento.

– Também acho, anjo. Pena que ela não estará presente.

– Não em corpo, mas certamente estará em espírito.

– Espero que sim. Farei tudo que puder para honrar minha herança, mas você está certo. Tenho que ir devagar para não fazer nada errado. Etera está em boas mãos e nós merecemos um tempo só nosso.

– O que acha de Elros? – Ele perguntou.

– Não sei. Mal o conheço, mas vovó disse para confiar nele e foi o que fiz. O que você acha?

– Também não sei, querida. Parece um bom sujeito, decente e honesto, mas temos que nos informar melhor. Com o tempo saberemos se é realmente confiável.

– Adriel, acho que estaria apavorada se não estivesse ao meu lado. Saber que está comigo deixa-me forte e tranqüila. E saber que não irá mais embora, que nos casaremos, é bom demais! Será que é mesmo permitido ser assim tão feliz?

– É sim, amor. Nós não deixaremos que nada fique entre nós e cuidaremos sempre de nosso amor para que nada o atinja e só mesmo a morte nos separará.

– Anjo, não fale disto nunca mais, por favor. Não quero nem mesmo pensar nisto.

– Está bem. Não tocaremos mais neste assunto. Quero apenas que me prometa uma coisa.

– O quê?

– Se algo acontecer comigo, algum dia, prometa que não fará nada contra você e que vai continuar vivendo da melhor forma possível.

– Ah, Adriel, não sei se posso prometer isto. Como viveria sem você?

– Prometa, Maise. A vida é uma dádiva de Deus e você tem um longo caminho pela frente. Não quero viver sabendo que faria algo contra você mesma por minha culpa.

– Está certo. Prometo que vou continuar vivendo, mas é só isto.

– Muito bem. Agora venha aqui.

Ele beijou-me novamente, muitas vezes, até esquecer do que estávamos falando, de onde estava e até mesmo de quem era.

Definitivamente este anjo humano agradava-me muito!

Texto registrado no Literar.

Imagem daqui.

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43) Namorando

by A Itinerante - Neiva 09/08/2009
Escrito por A Itinerante - Neiva


Maise demorou a acordar. Fiz meu ritual diurno e quando voltei Tana estava na entrada, junto com vários guardas gnomos. Mandei todos embora. Aquele dia era nosso e eu cuidaria dela. Disseram que tinham ordens de Elros para não perder Maise de vista por nenhum momento e recusaram-se a ir. Concordei que ficassem desde que não visse nenhum deles e sumiram nas árvores. Tana também não queria ir, mas enviei-a para casa pedindo que fizesse uma comidinha bem gostosa para nosso almoço e que ficasse por lá até chegarmos. Desde que voltei Maise e eu praticamente não conseguimos ficar a sós e estava cansado de ver este monte de pessoas à nossa volta.

Entrei e ela continuava dormindo. Preparei um café da manhã especial esperando que o cheiro do café acordasse-a e como isto não aconteceu, deitei ao seu lado. Não queria acordá-la e ao mesmo tempo estava ansioso por isto.

Ela abriu os olhos quando toquei sua face com as costas da mão.

– Oi – Disse, antes de dar-lhe um pequeno beijo nos lábios.

– Oi – Ela respondeu sorrindo após o beijo.

– Fiz café da manhã para nós. Fique na cama.

– Antes vou escovar os dentes. Espere. – Ela foi e quando voltou já tinha arrumado a bandeja e estava aguardando. Ela voltou para a cama.

– Ah, que lindo! Você é um excelente cozinheiro para um anjo.

– Apenas um pouquinho melhor do que certa rainha que conheço. – Respondi rindo.

– Oh! Você… – Não conseguiu terminar com o beijo que lhe dei.

– Hummm… Dois beijos logo cedo. Você está generoso hoje. Estou adorando.

– Coma, amor. Hoje o dia é nosso e temos muito tempo para namorar e conversar.

Tomamos o café assim, entre carinhos, beijos e brincadeiras. Quando terminamos levei a bandeja para a pia e voltei para a cama.

– Nem pense em fugir, volte aqui. – Ela estava levantando já e deitou novamente. Abracei-a. Estava doente de vontade de sentir seu corpo bem junto ao meu. Fiquei alisando suas costas e beijando-a no rosto e cabelos. Ela era tão quente e macia quando me lembrava em nossa separação.

– Eu te amo, Maise. Senti tanto a sua falta.

– Eu também te amo, anjo. Você demorou.

– Aconteceu uma coisa, pequena. Não tive como contar antes. Tive problemas para chegar a Celes. Não conseguia ficar imaterializado. Desmaiei de exaustão quando cheguei e fiquei internado em um quarto isolado. Houve uma alteração genética em meu corpo pelo contato permanente com as energias da Terra. Os cientistas de Celes ainda estão estudando e buscando uma forma de reverter, mas a princípio tive duas opções: ou ficava em Celes aguardando a solução e desintoxicando-me ou, se voltasse para a Terra ficaria preso nesta aparência materializada, sem poder voltar lá.

– Nossa! E você voltou. O que isto significa?

– Eu ia ficar. Já tinha decidido. Por mais difícil que fosse seria melhor para nós dois no futuro. Até chamei Eliah para mandar um recado para você, mas quando ele chegou e contou-me que você estava desaparecida, vim na hora. Felizmente consegui encontrar você a tempo.

– Ainda bem que veio, anjo. Eu teria ficado apavorada ao despertar ali, sozinha e paralisada. Sem contar que provavelmente teria morrido. Obrigada. Mas o que acontece com você agora?

– Agora sou meio anjo e meio humano e ao mesmo tempo não sou nem um e nem outro completamente. Aparentemente nada mudou. Teoricamente continuo sendo anjo e felizmente minhas asas não são visíveis. Posso voar, tenho força sobre-humana, vejo e ouço mais do que os humanos, tenho poder de cura, enfim… meus “poderes” são iguais. Penso que continuarei meu trabalho no complexo. Só duas coisas mudaram realmente: como não posso ficar imaterial novamente, estou preso na Terra. Não posso voltar a Celes e nem ir a outros mundos mais leves. E também, não sou mais imortal. Posso morrer se algo acontecer com meu corpo que é um híbrido, uma mistura de corpo fluido com energias da Terra.

– Bom, quanto a estar preso na Terra, adorei. Agora quanto a poder morrer, não entendi direito. Você vai envelhecer como eu? E morrer como todos nós?

– Não vou envelhecer. Continuarei com esta aparência enquanto viver. E quanto a morrer como vocês, não. Não vou morrer de velhice, por alguma falha do corpo, mas posso não sobreviver a um acidente que atinja alguma área vital como coração ou cabeça, p.e.. O que quer que aconteça a meu corpo material acontecerá também a meu corpo fluido.

– Não parece tão ruim. É melhor do que conosco que envelhecemos.

– Não vou te enganar, Maise. É muito ruim sim. Porque você, quando morrer aqui, continuará vivendo no mundo fluídico com seu corpo leve e eu não. Nós dois temos apenas esta vida juntos e não mais a eternidade. Quando eu morrer, meu espírito vai se espalhar pelo universo, sem ter um corpo para contê-lo como os humanos.

– Ah não, anjo. Não é justo. – Ela abraçou-me um pouco mais.

– Os cientistas de Celes continuam pesquisando e pode ser que encontrem uma forma de reverter meu corpo ao que era antes. É uma esperança com a qual viver. Uma vida é pouco para nós, ainda mais que não sabemos quanto tempo durará.

– Eles vão conseguir, meu amor. Deus será justo conosco.

– Espero, Maise. Mas enquanto não conseguirem, é esta a situação com a qual teremos que viver. E isto muda muita coisa.

– Como assim? Você disse que continuava tudo aparentemente igual.

– Quando você tem a eternidade pela frente não existe pressa, urgência, para nada, mas saber que só temos esta vida muda tudo.

– Entendo.

– Maise, quando vi você envenenada lá na laguna, foi muito ruim, mas quando Elros falhou e o teu coração estava quase parando e pensei que iria mesmo morrer… Imaginei minha vida, preso aqui na Terra, sem você. Não haveria sentido algum em continuar existindo sem você. Penso que eu morreria de alguma forma. Não iria querer continuar vivendo.

– Eu também não conseguiria viver sem você.

– Antes, eu não queria comprometer você sem saber direito se poderíamos ficar juntos ou quanto tempo permaneceria aqui. De certa forma era um bloqueio, uma barreira para nosso relacionamento. Agora é diferente. Eu mudei naquele instante em que quase te perdi. Não sei ainda quanto tempo temos para viver juntos, mas quero você. Inteira e completamente. Seu corpo e sua alma. Quero viver ao seu lado todo instante de minha vida. E não quero esperar. Nada. Sinto-me completamente humano com relação a você. Egoísta e possessivo um pouco além do que gostaria. – Ela riu.

Eu a beijei para que entendesse totalmente o que eu dizia. Um beijo caloroso e faminto que logo se tornou erótico demais, alterando nossas respirações.

– Maise. Quero fazer amor com você. Intensamente. Quero você demais! Sinto-me quase insano de tanto que desejo você, mas não é só isto. Quero que estejamos unidos de corpo, mas também de alma, de todas as formas possíveis.

– Anjo, minha alma já é tua.

– Não, pequena, ainda não. Quero que seja minha mulher, minha esposa, aos olhos de Deus e do mundo. Você quer se casar comigo?

Texto registrado no Literar.

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42) Aos pés de uma macieira florida

by A Itinerante - Neiva 07/08/2009
Escrito por A Itinerante - Neiva


Estive consciente quase todo o tempo em que fiquei paralisada, com exceção das primeiras horas. Despertei quando Adriel encontrou-me, o que só posso agradecer, pois imagino o pavor que teria sentido ao acordar paralisada no silêncio e no escuro, sem saber onde estava ou o que estava ocorrendo comigo. Pelas conversas que tiveram no quarto fui entendendo o que tinha acontecido.

Queria dizer a eles que estava consciente, mas não podia mexer sequer os cílios de um olho e tudo o que pude fazer foi ouvir e torcer para que conseguissem o antídoto. Quando Elros falhou e Adriel falou comigo, tão triste, como se despedindo, pensei que iria mesmo morrer.

Nunca tinha pensado em minha própria morte. Sempre achei que morreria velhinha e neste momento é que não pensava nisto mesmo. Acabara de apaixonar-me pelo anjo mais lindo e doce do universo e descobrira minha avó e toda a estória de meus pais. Não seria justo, pensei.

Senti-me triste por tudo que não viveria com Adriel, os beijos que não daríamos, a vida que não teríamos e também fiquei triste por eles, pelo que sentiriam. Estava chorando por dentro e minha tristeza era tanta que uma lágrima conseguiu furar o bloqueio da paralisia e rolar pela face.

Quando vovó viu e decidiu fazer algo, fiquei apreensiva e quando entendi o que faria, senti medo. Não queria morrer, mas também não queria que ela morresse. Não agora, não justo agora que nos encontramos. Teria impedido se pudesse.

Logo que o veneno saiu, recuperei o controle sobre o corpo, mas forcei-me a continuar imóvel com receio de desviar a atenção de vovó e prejudicar o encantamento. Fiquei olhando por baixo dos cílios sem que ninguém percebesse, mas não consegui conter-me ao ver que caíra e gritei, levantando e indo até ela.

– Vovó! Está ouvindo? Fale comigo. – Ela parecia desacordada, mas estava viva. Abriu lentamente os olhos.

– Maise, querida, você está bem? Deu tudo certo. – Sua voz era fraquinha.

– Vovó! Estou bem, mas e você?

– Está tudo bem, querida. Sou apenas uma velha cansada e agora feliz por ter feito algo pela minha neta e pela minha filha, ainda que ela não esteja aqui. É justo que seja assim. Causei muita dor e agora pude compensar resgatando sua vida.

– Fique quietinha. Não fale. Vamos fazer algo. Descanse. – Olhei para todos que estavam na sala, buscando em algum rosto o que poderia ser feito. Todos estavam sérios e as fadas choravam a um canto.

– Não existe nada a se fazer, Maise. – Era vovó quem falava. – O veneno entrou em mim e ele é muito mais forte agora do que quando entrou em você. Então, apenas escute o que tenho a dizer. É importante.

– Sim, vovó.

– Não tenho tempo para contar toda a estória para você. Depois eles contarão. Agora quero que saiba que quando sua mãe fugiu com seu pai alguns de nós quiseram fechar o Portal entre os dois mundos: Terra e Etera. Eu fui contra porque sempre tive a esperança de que sua mãe retornasse. Moldei a chave do Portal em um medalhão e enviei-o para sua mãe com um encantamento. Assim tinha certeza de que ele somente seria fechado quando ela voltasse. Agora ele é seu e você é a única que pode decidir se ele deve permanecer aberto ou se deve ser fechado. Não deixe que ninguém pressione e ouça seu coração sempre que tiver dúvidas sobre isto.

– Ouvirei. – Eu mal estava entendendo o que ela dizia. Tudo o que pensava era que não queria que morresse.

– Você é a única herdeira de Etera. Sei que nem o conhece ainda, mas é sua herança e faz parte de sua história. Vá até lá, conheça Etera e se puder, se quiser, assuma seu lugar de direito. Confie em Elros para ajudar você em tudo.

– Está certo, vovó. Farei isto, não se preocupe. Descanse um pouco agora. – Eu queria que parasse de falar nestas coisas. Estava fazendo meus olhos arderem, mas não queria que visse minhas lágrimas.

– Só mais uma coisa: sei que ama o anjo e ele ama você de verdade. Adriel é o homem certo para você. Vocês serão felizes, Maise, tanto quanto sua mãe foi com seu pai. Finalmente encontrarei Luna novamente.

– Vovó…

– Você não imagina o quanto desejei isto. Agora ficaremos juntas e estaremos olhando por você. Então, prometa que não ficará triste por mim.

Apenas balancei a cabeça, concordando. Ela olhou-me e sorriu com tanto amor que as lágrimas que eu segurava despencaram sem controle.

Senti alguém puxando-me para cima e era Adriel. Olhei para baixo e o sorriso de vovó continuava igual. Resisti, querendo falar mais com ela.

– Acabou, Maise. Ela se foi. – Adriel apertou-me fortemente contra seu peito ao dizer isto.

Foi tanto zunido na minha cabeça naquele momento que achei bom ele estar apertando-me daquele jeito. Era uma mistura de raiva e tristeza, dor e impotência. Vontade de gritar, chorar, negar, bater, rasgar. E também de acariciar minha avó e continuar ouvindo sua voz e saber por ela todas as estórias de minha mãe e também as dela e de Etera. Vontade de que fosse mentira e que pudéssemos passar muito tempo juntas para recuperar tudo que perdemos. E ao mesmo tempo, sabia que não era possível e que nunca mais seria.

No meio deste caos de sentimentos deixei-me apertar enquanto chorava em seu peito. E ele permaneceu assim, sem dizer nada, abraçando-me e beijando meus cabelos. Em algum momento ele pegou-me no colo e levou-me até a cadeira, sentando-se comigo e fiquei aninhada em seu colo, chorando, até conseguir parar.

Olhei para o quarto. Ninguém mais estava lá. Olhei para ele em interrogação.

– Precisamos ir, querida. Estão aguardando você para falar com os encantados.

Os acontecimentos a partir deste momento permanecem meio esfumaçados em minha lembrança.

Sei que fomos até a sala, onde todos estavam e de lá até o terraço. Ainda era noite e lá embaixo, na praia, centenas de pontos iluminados. Depois entendi que eram as tochas que os encantados seguravam. Elros falou sobre vovó. Não lembro o que disse só que foi muito bonito e que recomecei a chorar. Ele mostrou-me e todos fizeram uma reverência. Em seguida partimos para Etera, levando vovó.

Ela foi enterrada no finalzinho da tarde do outro dia, aos pés de uma macieira florida que era sua árvore predileta e símbolo da imortalidade. Estávamos muito tristes, mas a cerimônia foi bonita e alegre em seu formato, diferente de todas que já havia visto. Etera celebrou sua vida com cantos, poesias, pássaros, flores, música e rituais mágicos. Encantados de todas as partes do mundo vieram prestar sua homenagem à minha avó e se não estivesse entorpecida teria apreciado a profusão de seres tão coloridos e diferentes.

Voltamos ao palácio para um pronunciamento. Tínhamos conversado sobre a necessidade disto. Elros disse que eu era a rainha de Etera agora e é claro que neguei. Não tinha a menor condição de sequer pensar coerentemente, quanto mais ser rainha de um local que não sabia existir a alguns dias atrás. Ele disse que não poderiam ficar sem um governante, alguém sugeriu que ele ficasse como regente provisório e todos concordaram.

Fomos à sacada e ele falou sobre o que havia sido decidido, mas o povo começou a chamar meu nome em coro e não tive opção exceto falar a eles. Não tenho idéia do que falei. Não sabia o que dizer. Nunca tinha falado para uma platéia antes.

Acho que comecei falando sobre como estava triste por minha avó e também que estava feliz por saber que eles existiam e que eles eram uma parte de mim, que aquele lugar também era o meu lugar, mas que tudo acontecera muito rápido e precisava de tempo para assimilar todas as informações. Disse também que vovó pedira-me para confiar na ajuda de Elros, que aquela decisão era a melhor para todos e gostaria que eles o apoiassem em tudo. Disse também que voltaria sempre para ir conhecendo Etera e todos eles com calma. E esperava que um dia eles amassem-me como à vovó.

Eles irromperam novamente o coro com meu nome. Agradeci e voltei à sala.

Adriel estivera o tempo todo ao meu lado, abraçando-me ou pegando em minhas mãos e não sei como teria sido sem sentir sua pele quente em contato com a minha. Sentia-me dependente daquele contato e nos breves momentos em que ele afastava-se por alguma necessidade, ficava sentindo a pele formigar com sua ausência e só tranqüilizava-me quando ele retornava.

Agora que tudo terminara, só o que desejava era estar em minha cabana com Adriel, como antes de sua viagem. Olhei para ele e disse apenas: – Vamos? – Ele entendeu, pegou-me nos braços e saímos voando pela sacada, sob o coro deliciado dos encantados.

Na cabana tudo estava igual. Era estranho porque parecia que anos tinham decorrido desde o momento em que estivemos ali juntos pela última vez. Sentia-me diferente, mais velha e muito cansada.

Senti o peso dos últimos acontecimentos atingindo-me de uma única vez e achei que não seria capaz nem mesmo de chegar até a cama. Adriel parecia entender tudo o que eu sentia e pensava porque me sentou à beira da cama e ajudou-me a colocar o pijama, sem nada dizer. Depois levantou as cobertas e deitamos juntos.

No instante em que abraçamo-nos, deitados em nossa cama, preparados para dormir como fazíamos antes, senti-me inundada pela paz e pela certeza de estar no único lugar do mundo em que queria: nos braços de meu anjo.

Texto registrado no Literar.

Imagem daqui.

07/08/2009 0 comment
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41) O jovem Niis

by A Itinerante - Neiva 05/08/2009
Escrito por A Itinerante - Neiva


(narrador)

Niis era um gnomo jovem e ele preferia a palavra jovem à palavra criança, pois ainda que para os padrões terrestres tivesse apenas 12 anos, tinha já seus quase 100 anos no correr dos anos etéricos. O que era considerado pouco até mesmo para estes, mas ele preferia desconsiderar este detalhe e todos achavam graça, satisfazendo seu desejo e chamando-o de Jovem Niis.

Todos exceto a elfa Eileen, que justamente por saber de suas objeções ao termo criança, propositalmente só o chamava assim ou, pior ainda, de neném. O resultado desta afronta era que Niis odiava Eileen quase tanto quanto amava a princesa Luna e quando esta fugiu, teve certeza de que Eileen era culpada. O que resultou em ainda mais raiva desta.

No decorrer dos anos aprendeu a desaparecer de todo e qualquer lugar onde Eileen estivesse negando-lhe a saciedade do ato de sadismo, mas espionava sistematicamente a bruxa – como a denominava – sem que esta soubesse, na esperança de encontrar pistas de sua Luna.

Quando seu pai, Gnon Knur, recebeu a tarefa de proteger uma jovem no mundo exterior, pressentiu que tinha algo a ver com ela e foi em segredo até a cabana. Tão logo viu os olhos de Maise soube que era a filha de Luna e todo o amor represado foi transferido imediatamente. De nada adiantaram os castigos de seu pai: era impossível retirar Niis da frente da cabana ou de onde quer que estivesse Maise. Acabou por ser considerado um membro da guarda permanente, o que o enchia de orgulho e andava até meio estufado na tentativa de parecer maior e mais forte, enchendo de risos os companheiros.

Agora lamentava ter cedido à curiosidade pelo pronunciamento da Rainha. Se tivesse permanecido em seu posto, Maise não teria sido envenenada e não estaria à beira da morte. Pensava nisto, totalmente infeliz, enquanto aguardava por notícias na praia com todos os outros encantados.

A noite ia já pela metade e dentro da casa, todos esperavam pelo retorno de Elros, cada um fazendo suas preces da forma como acreditava. Fadas cantavam e vibravam na sala. Adriel e Eliah, que chegara pouco antes, ajoelhados ao lado da cama de Maise, oravam com fervor, suplicando ajuda divina. Ambos tentaram, sem resultado, a cura através da imposição de mãos. Agora, apenas pediam como último recurso.

O tumulto de vozes levou-os rapidamente para a sala. Era Elros que retornava, sangrando, muito machucado. Contou-lhes que os elfos negros haviam preparado uma cilada imaginando que iriam até lá disfarçados, que não teve chance alguma e só por muita habilidade conseguira escapar de ser morto ou feito prisioneiro. Não havia a menor possibilidade de conseguirem a planta necessária para o antídoto do veneno.

O desespero jorrou, espesso, pelo ambiente. Todas as esperanças estavam no sucesso de Elros e com seu fracasso ninguém mais imaginava o que fazer. Pequenos grupos formaram-se a cada canto. Alguns choravam, outros apenas observavam a rainha e alguns aventavam possibilidades apenas para descartarem em seguida.

Adriel retornou calado para o quarto de Maise e desabou na poltrona em frente à sua cama, desnorteado. A rainha, as fadas de cura, Tana e Eliah entraram em seguida.

As horas passavam rápido enquanto buscavam uma solução. O coração de Maise enfraquecia rapidamente. Adriel deixou a discussão e sentou ao lado da cama, pegando em suas mãos.

– Maise, amor, perdão. Não posso fazer nada. – Ele dizia, baixinho, sem conseguir vê-la direito por sob a cortina de águas que desciam por seus olhos, dele que nem sabia que um anjo poderia chorar.

– Adriel, veja! – Eliah apontava para Maise. Adriel enxugou os olhos. Pela face de Maise rolava solitária uma lágrima.

– Minha neta! Ela está consciente. Sabe o que está acontecendo. – Exclamou a rainha. – Minha querida, não chore. Não vou perder você também. – Disse isto e chamou todos os encantados para fora do quarto.

– Tem algo que posso fazer. É muito perigoso, mas é nossa única possibilidade e vou tentar. – Disse. – Quero fazer um Encantamento de Absorção para retirar dela o veneno.

– Majestade, o veneno irá para seu corpo e a matará. – Disse Sili assustada.

– Não se houver uma barreira mágica para meu corpo. Todos os encantados estão aqui e poderão proteger-me se fizerem um círculo mágico. – Respondeu.

– É arriscado mesmo assim. – Ponderou Tana.

– Eu quero fazer. É minha neta. Não vou deixar que morra sem tentar impedir. Vamos falar com os encantados.

Na varanda ela pediu silêncio e em rápidas palavras expôs a situação atual e sua idéia. Os encantados rapidamente começaram a organização. As Salamandras, Elementais do Fogo, deram as mãos às Sílfides, Elementais do Ar e às Ondinas, Elementais da Água e estas às Fadas e Gnomos, Elementais da Terra, fechando o círculo que envolvia toda a casa. Niis não ficaria de fora e tanto insistiu que foi aceito, dando as mãos a seus pais.

A rainha, vendo que estavam prontos, pediu que entoassem canções de proteção visualizando-a e que não parassem e não quebrassem o círculo enquanto não recebessem tal instrução.

Retornando ao quarto, solicitou que outro círculo menor fosse feito em torno de si pelos que ali estavam e uma vez dentro deste ergueu ambos os braços, com as palmas das mãos voltadas em direção à Maise e iniciou o pronunciamento do encantamento, com palavras mágicas incompreensíveis para os presentes.

Adriel via a energia protetora que chegava dos dois círculos e cobria-a com grossa camada. Observando Maise atentamente, viu que uma fumaça enegrecida saia de seu corpo, aos poucos, como se relutantemente.

O esforço da rainha era visível e persistindo no pronunciamento a fumaça continuou a sair até tornar-se uma forma à parte, permanecendo ainda acima de Maise e por vezes tentando retornar a seu corpo.

Quase como uma entidade viva, parecendo perceber a impossibilidade do retorno, dirigiu-se ao corpo de quem a retirou de sua hospedeira. Pairou por cima da cabeça da rainha e tentou penetrar de uma vez. Sendo rechaçada, rodeou seu corpo lentamente, investindo aleatoriamente em vários pontos. Mesmo não encontrando um ponto de entrada, continuou estocando.

A rainha mudou o ritmo de voz, entoando agora de forma autoritária e a massa esfumaçada começou a recuar lentamente em direção à janela.

Lá fora o círculo cantava com entusiasmo, espelhando o orgulho dos encantados pela participação na cura da princesa e proteção da rainha. Os elementais da água agitavam-se como em uma tempestade, os de vento assemelhavam-se a pequenos tornados e os de fogo soltavam labaredas incandescentes aos céus.

Uma destas labaredas chocou-se com um braço de vento sendo jogada acidentalmente em direção aos gnomos e atingindo Niis e seus pais. Este estava com os olhos fechados e ao sentir as fagulhas de fogo queimando-o em diferentes partes do corpo, soltou as mãos de seus pais, rompendo o círculo e quebrando a concentração de todos.

Seus pais que tinham visto o acidente, sabendo da pouca gravidade dos ferimentos perante a importância do círculo deixaram-no de fora e uniram as mãos fechando novamente o círculo. Foi apenas um segundo até que recomeçassem a cantar e restabelecessem o fluxo energético.

No quarto a rainha sentiu a interrupção da barreira e sua voz falhou levemente por uma palavra. Foi o suficiente para que a nuvem de veneno investisse velozmente em direção ao seu corpo desprotegido, nele desaparecendo totalmente.

A rainha tombou ao impacto.

– Vovó!!! Não!!! – Gritou Maise.

Texto registrado no Literar.

Imagem daqui.

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