– Mãe, já terminou? – Meu filho mais velho, de 14 anos, pergunta todas as noites, referindo-se ao jogo.
– Não.
– Meu colega começou a jogar depois de você e já terminou.
– … – Recuso-me a ser intimidada pela rapidez de um garoto de 15 anos.
– Vai demorar?
– Vou.
– Quero jogar! – Indignado com minha lentidão. – E complementa entristecido: – Nenhuma mãe joga.
(Sei que sente um orgulho indisfarçado por ter uma mãe que joga videogame e quase posso imaginar contando para seus colegas que estou jogando FFXIII e esbaldando-se com a expressão de inveja dos que estão acostumados com mães cuja única relação com os consoles resume-se a mandar desligar e ir dormir ou estudar.)
Meu filho mais novo, de 11 anos, não é melhor. Ele senta ao lado, preferencialmente quando eu estiver em luta com um boss bem chato e começa a perguntar:
– Dá para montar a equipe? – Ele sabe que não (naquela fase não podia).
– Pode explorar o mapa? – Idem
– Pode voltar atrás para upar? – Idem
– Você está gostando deste jogo? – Em tom entre incrédulo e desdenhoso.
Começou a usar esta tática de perguntas depois que proibi os discursos de como a Square irá à falência por este jogo e a enumeração uma a uma de todas as falhas do jogo.
Agora está proibido de falar. Se quiser ver, tem que ficar calado. lol
(Provavelmente também se gaba com os amiguinhos por ter uma mãe que joga e agora que viu o blog, mais ainda. 😀 )
…
Comecei a jogar RPG quando o mais velho tinha 5 anos e ganhou um gameboy com a fitinha amarela do Pokemom. (alguém lembra? saudades.) Vivia perguntando como faz isto, como faz aquilo e eu perdida com aquela “coisa” cheia de botões só falando “não sei, não sei”.
Uma noite de insônia, sem nada a fazer, peguei o aparelhinho e liguei. As horas passaram que nem entendi como. Depois vieram as fitinhas vermelha, azul, verde, ouro, prata, … O gameboy evoluiu para color, advance, DS, os consoles passaram de playstation 1 para 2, 3, Nitendo64, GameCube, Xbox, Xbox360.
Os jogos sucediam em sequência vertiginosa. Não recordo os nomes todos, mas lembro de Dragon Quest, Xenosaga, Radiata, Kingdon Hearts, Blue Dragon e Planet, Lost Odissey e Planet, Star Ocean, Marios Bros, Valkirie Profile, vários Tales, o belíssimo Eternal Sonata sobre o compositor Chopin, Okami que é uma obra de arte e, lógico, God of War e Final Fantasy.
Jogamos juntos a maior parte destes. Meu filho menor amava Okami. GoW jogamos os três juntos. Eles revezam no controle e eu palpito. Tentamos jogar Bayoneta, mas estacamos em uma fase impossível.
Isto para ficar só nos RPGs, sem contar os de tiro, luta, etc., que eles gostam e eu não. E atualmente os MMORPG, que são os rpgs online. Tentaram levar-me junto, mas no pc prefiro outras atividades.
Quando Bully foi lançado e vários países proibiram o jogo, comprei e joguei com o menor. Todos os pais deveriam dar Bully para seus filhos aprenderem as consequências de mau comportamento. Nunca entendi o fuzuê que fizeram com ele, uma vez que só evolui o aluno que se comporta e existem vários castigos desagradáveis para quem faz “arte”.
A estória de minha família poderia ser contada pelos jogos e não sou realmente uma mãe que manda desligar a “porcaria”. Temos acordos vigentes em casa. Durante a semana existe um horário para jogar. Nos finais de semana é liberado. Temos vários acordos para nosso relacionamento.
Sei que sou meio “avis rara” como mãe e que passo longe do protótipo da super mãe. Culpo-me às vezes. Acho que deveria ser mais “adulta”. Daí fico sabendo de tantos e tantos casos de crianças maltratadas físicas e psicologicamente pelos próprios pais e penso:
Que bom que eu só jogo video-game. :DD
Realmente não entendo porque os adultos não gostam de jogar e que videogames são vistos como uma brincadeira para crianças.
Os jogos evoluiram e tornaram-se o entretenimento mais completo e interativo existente. Um jogo de Final Fantasy, p.e., é um “Avatar” interativo. É um filme com qualidade impressionante, direção de arte, trilha sonora totalmente composta para ele, é feito por uma empresa gigantesca, através de uma equipe monstro de não sei quantas pessoas e custa tanto e gera tamanho trabalho em seu devolvimento quanto qualquer filme.
Jogar desenvolve criatividade, raciocínio, persistência, memória e inteligência.
Perdi alguns seguidores desde que comecei a postar sobre FF, amigos blogueiros desviam de meu link e fazem de conta que não me conhecem por esta excentricidade. lol
Desejei que soubessem da importância que isto tem em minha vida: amo Final Fantasy, estou divertindo-me horrores com estas postagens e prefiro perder todos os seguidores a parar.
Mas… tenham só mais um pouco de paciência. Logo termino e retorno às estórias.
Até que FFXIII Versus ou End of Eternity saim do forno ao menos. kkk