(narrador)

Rita saiu a passos rápidos da residência e com a cabeça baixa, olhando para os lados de vez em quando, encaminhou-se para fora da vila na direção da estrada. Uma vez lá, andou poucos metros antes de entrar em uma trilha pouco visível. Caminhou por alguns minutos e parou em frente a um tronco de árvore oco. De dentro dele retirou um objeto semelhante a um pêndulo com guizos. Balançou-o ritmicamente com os guizos produzindo um som simétrico e baixo. Após fazer isto por algum tempo, parou e esperou.

Do tronco começou a sair uma névoa fina e branca que, subindo e espalhando-se pelas laterais acabou por fazer um desenho oval claro e transparente, semelhante a um espelho. Quando se estabilizou, na área central do espelho surgiu uma imagem que em poucos instantes estava completamente definida.

Era uma figura feminina bastante parecida com uma humana, diferindo apenas pelas orelhas pontiagudas e os cabelos brancos apesar da face jovem. O corpo bem delineado e as vestes sensuais compunham uma fêmea de beleza rara e exótica. Uma elfa.

– Por que me chama humana? – Perguntou observando a mulher.

– Eileen… – Rita foi interrompida abruptamente.

– Senhora Eileen. – Exclamou a elfa, parecendo contrariada com a intimidade do tratamento.

– Sim, desculpe-me Senhora Eileen. Conforme o combinado, somente utilizei o espelho porque pediu para a avisar se aparecesse alguém novo na vila portando algo das fadas.

– Conte tudo, rápido mulher! – Disse rispidamente.

– Chegou uma jovem há alguns dias e está na cabana abandonada. Disse que era de seu pai. E hoje, em um jantar de Boas Vindas que Antônio ofereceu a ela, mostrou-me um colar com o símbolo das fadas. Não parece ser cópia e sim original. Mesmo que eu nunca tinha visto um antes é bem feito demais, de ouro com pequenos brilhantes.

– Como ela é?

– Uns 20 anos mais ou menos. Cabelos dourados, cacheados. Olhos bem azuis. Bonita. Pequena.

– O que ela veio fazer em Portal do Sol?

– Parece que quer saber mais sobre seu pai e parentes, mas não sei ao certo. E estava acompanhada por aquele rapaz da clínica, Adriel.

– Está certo. Quero que continue de olho e qualquer novidade a respeito, volte aqui imediatamente. Você será recompensada hoje e muito mais se continuar trazendo notícias. – Sacudiu um saquinho próximo ao espelho e moedas douradas caíram na terra, aos pés de Rita.

– Obrigada, senhora. Muito obrigada mesmo. Não vou lhe decepcionar, verá. – Rita exclamou afoita enquanto recolhia seu pagamento, nem vendo que o espelho já se fora, restando apenas o velho tronco.

Em seus aposentos Eileen parecendo alterada, andava de um lado para outro enquanto falava consigo mesma:

– Ainda bem que deixei esta humana vigiando. Sabia que esta desgraça iria acontecer mais cedo ou mais tarde! Tinha que ser logo agora que estou tão perto? Será uma questão de dias até chegar aos ouvidos da rainha. Tenho que impedir. E tem que ser rápido. Mas como???

Texto registrado no Literar

Imagem: postada com autorização da artista Vervex

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