Longe de ti são ermos os caminhos,
Longe de ti não há luar nem rosas;
Longe de ti há noites silenciosas,
Há dias sem calor, beirais sem ninhos!
Meus olhos são dois velhos pobrezinhos
Perdidos pelas noites invernosas…
Abertos, sonham mãos cariciosas,
Tuas mãos doces plenas de carinhos!
Os dias são Outonos: choram… choram…
Há crisântemos roxos que descoram…
Há murmúrios dolentes de segredos…
Invoco o nosso sonho! Estendo os braços!
E ele é, ó meu amor pelos espaços,
Fumo leve que foge entre os meus dedos…
(Florbela Espanca)
Existem encontros mágicos em nossas vidas, quando sem querer esbarramos em algo especial. Pode ser uma música, um lugar, uma pessoa, um escritor, mas certamente todos nós temos estes momentos especiais, gravados para sempre.
Recordo-me ainda daquela tarde preguiçosa quando, ouvindo ópera no cd-player (naquela época ainda não existiam os mp3 da vida), entrei em uma livraria e fui à sessão de poesia disposta a encontrar uma mulher que falasse melhor ao meu espírito do que Fernando Pessoa e outros que conhecia. Fiquei bem umas duas horas ali, folheando, lendo trechos e descartando uma após a outra. Ao final, quase desistindo, abri um fino livrinho de uma poetisa com nome esquisito: Florbela Espanca.
Lembro-me do cheiro, da luz, do sentimento, da música, do prazer de ler-me na escrita dela, de todas as nuances daquele encontro. Um instante eterno, de puro encantamento.
Florbela foi minha voz em muitos momentos, quando minhas próprias palavras eram poucas e pobres para expressar o que desejava.
Nesta terça, fui agradecer uma nova visita como habitualmente faço. Estava apressada. Tinha uma série de planilhas matemáticas a fazer. Seria apenas dar uma olhadinha, comentar e ir embora. O que encontrei pegou-me por horas, estarrecida, lendo e relendo, inconformada, quase sem acreditar que fosse possível.
Se Adriel tivesse um blog e dos céus escrevesse para sua Maise, não seria mais perfeito. Ah, você duvida? Leia então:
Chamas o meu nome na escuridão do teu pranto. As lágrimas resvalam pela tua pele como cascatas em rio revolto. O mundo parece ter-te levado de volta aos tempos turbulentos de outras vidas, como se quisesse afogar a tua alma num oceano agitado pelas tormentas do passado. Na distância que nos separa escuto o teu lamento. Desdobro minhas asas e lanço-me numa descida alucinante, procuro o caminho até ti, percebendo os sinais que me deixas para te encontrar.
Faço-me homem, caminho em tua direcção, espero-te num despertar de sentidos, na beira da tua cama. Teu corpo agita-se ao pressentir a minha presença. Despertas num olhar suave, de olhos inchados pela tristeza da tua alma, mas logo encontras meus olhos negros, segurando tua alma. Meu dedo toca tua face, digo-te “-Bom dia minha querida!”, sorris-me. Lá fora um novo dia nasceu.
Na palma da minha mão faço aparecer uma bola de luz que deixo fluir para teu peito, iluminando tua pele, e num suave beijo em tua testa, descrevo-te, neste silêncio, neste momento, as forças que fazem de ti um ser magnifico. Num outro beijo soprado, deixo no ar o perfume que tão bem conheces, como resquícios de minha essência que por todo o sempre será também a tua. Caminho a teu lado, homem comum e mortal, enlaço meus dedos em teus dedos, como reflexo desta humanidade de que somos feitos, mas, depois, num sopro de vento, me desvaneço no céu deste final de dia. Anoiteceu!
…
O que acham? É ou não é? 😀
Druida, do blog A Magia da Noite, escreve a todas as mulheres falando diretamente à alma, como se conhecesse um atalho secreto para nossos corações. Mágica pura.
Sinto orgulho em recebê-lo como amigo neste blog e apresentá-lo a vocês, esperando que o visitem, leiam seus textos mágicos e que sejam como eu confortadas com suas tão belas palavras.
Só não se esqueçam de Adriel completamente, ok? rsrs
Beijos!
Druida, sinta-se acolhido pela Itinerante e que este seja apenas o início de uma grande amizade. 😀