Bem, nós ficamos decepcionados e chateados com a Square na TGS 2010, por conta da ausência de Versus e os lançamentos em PSP e eu também, logicamente e um blog é para isto mesmo, para botar a boca no trombone e dizer o que pensamos.
Mas… Depois de extravazar e colocar a frustração para fora, sinto-me meio que na obrigação de dizer algumas coisas a favor da empresa, porque de verdade, ela não é assim tão ruim, ao contrário, ela é sensacional.
Nós fãs, logicamente, queremos nosso jogo, mas uma empresa imensa como a Square não está preocupada com um ou outro jogo e sim pensando globalmente e tomando as decisões que julga serem necessárias não apenas para a sua sobrevivência como muito mais, para seu sucesso e expansão.
A Square-Enix em algum momento no passado teve que tomar decisões sobre estratégias futuras. Possivelmente houve algumas reuniões na época em que o PS3 estava engatinhando, com poucos consoles no mercado, o Xbox360 é quase que um ilustre desconhecido no Japão e os portáteis vendiam como pãezinhos na padaria.
É extremamente plausível que naquele passado, diante daquele cenário, tivessem decidido investir nos pequenos com esta série de jogos que agora anunciam: KH, 3rd Birthday, FF Duodecim, etc…
Vale lembrar que há 5 anos atrás as empresas japonesas detinham 50% do mercado de jogos e que nos anos seguintes viram sua participação despencar vertiginosamente para os atuais pouco mais de 10%.
Mesmo uma gigante como a Square-Enix tem que inovar para sobreviver, pois o inimigo apontado para esta queda é justamente o “mesmismo” dos japoneses.
E foi isto que ela fez. Investiu em jogos para TODAS as plataformas e em praticamente todos os estilos. Fez games para mobiles, para DS, para PSP, para os consoles, para PC e ainda divulgou o interesse na aquisição de redes sociais, numa clara indicação do desejo de games também para estas.
Associou-se a várias empresas como distribuidora ou para que distribuissem seus jogos e globalizou-se em um nível muito maior do que o de alguns anos atrás.
Tem procurado levar seus jogos ao patamar máximo de qualidade, tanto na parte gráfica quanto na jogabilidade, e em todos os aspectos, para falar a verdade.
Já manifestou publicamente o desejo de aprender com os ocidentais e passar a fazer games culturalmente mais próximos a nós.
Erros existem e ocorrem, evidentemente. Ninguém tem bola de cristal para saber se uma decisão tomada hoje provará ter sido a correta daqui há 3 anos.
Final Fantasy XIII foi muito criticado pelas questões de linearidade e falta de liberdade. Eu inclusive critiquei, mas não deixei de notar que foi uma tentativa de rejuvenescer e manter a atualidade da franquia. Acredito que o resultado não tenha sido tão satisfatório quanto desejariam, mas eles tentaram.
Não temos ainda números para avaliar o resultado deste grande investimento em títulos para PSP, mas novamente não posso deixar de reconhecer a movimentação da empresa para inovar e manter-se na liderança.
Posso compreender a decisão comercial que norteou sua estratégia na TGS: se colocasse mais de Versus, todas as atenções iriam para ele, desviando o foco que deveria ser dos jogos de PSP em lançamento próximo.
Acredito que foi uma decisão equivocada, pois ao esconder Versus que era o jogo mais aguardado, sua ausência tornou-se ainda mais evidente e o trailer de segundos, o vazamento na internet e o “coloca/apaga” acabou chamando mais atenção e sendo mais comentado do que todos seus jogos juntos, em uma publicidade negativa que ela poderia perfeitamente ter dispensado. E a empresa já deve estar ciente deste tropeço.
Acho que ela poderia ter concedido a Versus, até pela sua importância e quantidade de fãs, um tratamento mais digno. Um trailer grande, sem muitas novidades, mas com a promessa de mais nesta conferência de janeiro teria sido satisfatório para os fãs e todos poderiam então avaliar melhor os outros jogos.
3rd Birthday é uma pérola em termos gráficos, um grande avanço para o PSP. Dizem que KH: Birth by Sleep está sensacional, Tactics Ogre e Lord of Arcana foram bem elogiados e esta preciosidade de XIV está chegando para quem tiver PC.
Quem já viu os trailers de Deus Ex percebeu que teremos diversão e da boa ali.
Versus promete ser uma experiência inédita, que levará os RPGs a um novo patamar de qualidade e desenvolvimento.
Tanto blá, blá, blá é para dizer isto: apesar dos pesares, dos erros, das frustações, admiro demais a Square-Enix não apenas pela qualidade e brilhantismo dos jogos, mas por notar que todas suas decisões são dedicadas à expansão e à modernidade.
Os melhores jogos ainda são dela e mesmo não conseguindo ficar calada nos momentos de raiva, reconheço que é uma desenvolvedora sensacional e estou torcendo muito – sempre – para que ela acerte o passo e dê-nos muitas alegrias no futuro.
😀