Astronauta de Mármore – Nenhum de Nós
Camille Claudel entrou para a história mais como a amante de Rodin que enlouqueceu de amor do que como a grande escultora que era.
Uma jovem precoce na escultura, Camille começa a trabalhar no ateliê de Rodin em 1 881, aos 17 anos, tornando-se – devido não apenas ao seu talento, como à sua beleza e dedicação – a aprendiz favorita do Mestre. Logo estão envolvidos em uma escandalosa estória de amor, visto ser ele um homem casado.
Camille ignora críticas e olhares atravessados da sociedade para viver para ele e para suas esculturas. Durante 11 anos estabelecem uma parceria extremamente rica para o trabalho de ambos. Entretanto, Rodin apesar de a assumir como amante, não se divorcia da esposa e envia Camille para um aborto quando engravida. E, embora a critica especializada a aplauda, não consegue avançar como escultora independente.
La Valse
Em 1892, cansada de ser apenas a sombra de Rodin, Camille interrompe o romance e estabelece ateliê próprio, onde também irá residir sozinha. O peso das críticas da sociedade ao seu romance juntamente com a mágoa por ele jamais a ter assumido completamente faz com que se torne paranóica com Rodin. Até o final de sua vida acreditará que ele a persegue e a impede de expor suas obras e ter o sucesso e reconhecimento que merece. Nos próximos anos este estado de espírito se agravará até a quase total ruina financeira e psiquíca.
Em 1913, com o falecimento de seu pai e protetor, Camille é internada em um hospital psiquiátrico por sua mãe, que não fala com ela há anos e que sente vergonha e desprezo pela filha pela desonra ao nome da família.
Após um breve período de tratamento Camille se recupera da debilidade física e psicológica e está apta a voltar ao mundo livre, mas permanecerá internada e isolada pelos próximos 30 anos, mesmo absolutamente sã e consciente, porque a mãe se nega a permitir seu retorno à sociedade, não cedendo aos apelos da família, do diretor da instituição e de diversos amigos que tentam interceder por ela. Durante o período em que permaneceu internada, recusou-se a esculpir. Falece em 1943, aos 79 anos incompletos, sem glória e esquecida.
Abandon
Atualmente pesquisadores e especialistas concordam que houve realmente o bloqueio à escultora, em defesa de Rodin, um membro maior e mais importante para a sociedade e que sua paranóia teve motivos reais para se instalar.
Rodin não a ajudou como poderia, como deveria. Ele lhe deu indiferença e omissão no lugar de apoio e reconhecimento. Ofereceu dinheiro, como se fosse uma incapaz e trabalhos menores abaixo de sua capacidade e de seu valor. Alguns teóricos defendem a tese de que ele teria medo de ser ofuscado por seu talento maior.
Camille Claudel, uma escultora genial e extremamente talentosa deixou-nos apenas um pequeno legado. A humanidade perdeu a oportunidade de apreciar várias de suas obras que foram destruídas durante os anos de doença, mas principalmente perdemos esculturas magistrais que deixaram de ser criadas porque sua carreira foi interrompida em pleno florescer por um homem covarde, uma mãe egoísta e uma sociedade hipócrita e machista.
Trecho do filme Camille Claudel com Isabelle Adjani
Para saber mais:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Camille_Claudel
http://www.fundamentalpsychopathology.org/anais2006/4.30.3.1.htm
(Mesmo não achando ser a melhor, o post escolheu esta música e recusou todas as outras.)