No Monte Orm, um grupo de fadas reunidas em círculo ouvia atentamente o que uma pequenina fada azul falava.
– Você tem certeza de que Maise disse isto e convocou o povo? – Perguntou uma delas, Me, agitada.
– Tenho, lógico. Quando desceram na borda do lago estava sentada em um galho de árvore. Fiquei quieta. Era a primeira vez que ela saia de casa e não quis fazer nada para atrapalhar. Acabei ouvindo quando Elros explicou que Etera está assim por causa de sua tristeza. – Respondeu Bruxinha, que recebeu este nome por suas trapalhadas com os encantamentos. As fadas do Monte implicavam de brincadeira que não era fada e só podia ser bruxa e riam, mas na verdade adoravam-na e ao seu jeito doidinho e amoroso, sempre querendo ajudar e metendo-se em confusão atrás de confusão.
As fadas do Monte Orm são da antigas e sábia linhagem. Vivem em uma vila atrás do Castelo de Etera e dedicam-se aos encantamentos mais difíceis e trabalhosos, quase sempre aqueles que envolvem a transformação da matéria, cujos segredos guardam a sete chaves e passam de geração em geração a alguns poucos escolhidos.
Elas também são vistas como conselheiras pelo povo encantado e bastante procuradas por fadinhas jovens, em busca de conselhos e orientações para aspectos da vida sentimental.
Bruxinha não é uma delas e nem vive no Monte Orm, mas gosta de levar as novidades e os últimos acontecimentos para suas amigas.
– E como Maise estava? Pareceu triste? – Zê quis saber.
– Estava chorando, coitada. Magra que dava dó de ver. – Respondeu Bruxinha.
– Também! Viver um amor bonito como aquele e depois isto… – Ce não concluiu a frase, incapaz de mencionar com todas as letras.
– É mesmo, pobrezinha. – Arrematou Ilda, prosseguindo. – Eu também sofreria se tivesse perdido um anjo daquele. Algum dia terei um Adriel só meu. – Arrematou, fazendo todas rirem, exceto Lina, que ouvia apenas.
– E vai matá-lo como Maise? Sabem que é culpa dela. Se aquele doce anjo do Senhor não tivesse se envolvido com ela ainda estaria entre nós. – Falou brava.
– Lina! – Exclamaram todas juntas.
– Não foi culpa dela. Eles apaixonaram-se um pelo outro. E era um amor tão bonito. Foi triste e é uma pena. – Me ponderou.
– Sorte que ela tem Elros e aquele Elfo parece caidinho por ela. – Chica disse com uma risadinha. Ela também namorava um elfo muito bonito.
– Não creio que Maise esquecerá Adriel com Elros, mesmo ele sendo bonitão e simpático como é – Discordou Zê.
– Eu também não. E ela não tem culpa. Foi o destino, mas ainda acredito que ele não morreu – Soltou Bruxinha, baixinho, fazendo com que as outras olhassem para ela.
– Você acha? – Ilda apertou o coração com a mão, segurando a ansiedade.
– É claro que Anjos não morrem! – Afirmou Miguel, o elfo que sempre acompanhava Bruxinha e que até então apenas ouvia.
– Eu também não acredito. Anjos morrendo, imagina! – Concordou Ce, seguida em coro por todas as outras e mesmo as que não tinham dito nada balançaram a cabeça em concordância.
Logo estavam em silêncio, imaginando cada um a seu modo, como Adriel retornaria.
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Ilda, tem 54 anos, é de Goiana/PE. Era empregada doméstica, mas devido a problemas de saúde, não conseguiu mais emprego. Um dos seus filhos foi morto pelo tráfico, mora com mais 7 pessoas, incluindo uma criança de 4 anos. Apesar de não saber ler, adora estórias de anjos, fadas e “seres bondosos”, pois ajuda a melhorar o seu dia-a-dia, fazendo com que acredite que as coisas vão melhorar.
Ce, tem 45 anos, é de Recife, chegou a menos de um ano. Veio com a promessa de um emprego, mas quando chegou aqui a pessoa disse que ela não era como achava que era e não a contratou. Está morando com um dos filhos de Ilda e tem 5 filhos, que ficaram em Recife com uma irmã. Também não sabe ler, mas falou que desde que começaram as estórias, ela até deixou de tentar se matar (fez duas tentativas mal sucedidas no começo do ano).
Me, tem 60 anos, é de Sumaré/SP, trabalha para ajudar no sustento da família da filha, que tem 9 filhos e não pode trabalhar, pois tem que cuidar deles. A filha não é casada, sendo ela a única responsável pelo alimento dos netos. Os pais dos filhos não dão a pensão, pois estão contestando a paternidade na justiça. Ela também não lê, mas gosta do dia que tem as estórias, pois fazem sair um pouco da realidade e voltar a ser a criança que tinha a ilusão de conquistar o mundo.
Chica, tem 53 anos, é de Santa Barbara/SP, trabalha ali a mais de dois anos, apesar de fazer alguns outros bicos. Tem 4 filhos, é viúva, adora ler estórias românticas e de mistérios, detesta estórias de terror, está namorando com um dos homens mais cobiçados do pedaço e não deixa ninguém chegar perto. Ela acha que é mais esperta do que a Marisa (Maise).
Lina, tem 56 anos, é viúva, teve 5 filhos, mas morreram de fome, não gosta de trabalhar ali, pois as mulheres são muito “dadas”, não fuma, não bebe, pois sua religião não permite, gosta de ler estórias que tenham anjos, pois acredita que são enviadas pelos mesmos para nos mostrar como estamos agindo, e que os elfos, duendes, fadas e bruxas, são todos do mal, como a Maise, que matou o Adriel. Aprendeu a ler, pois queria ler a Bíblia e na Bíblia tem estória com anjos.
Zê, tem 41 anos, é casada, tem 2 filhas, uma tem síndrome de down e a outra sérios problemas no coração. Ela trabalha para ajudar a aumentar a renda do marido que é gari e tem problemas com bebida. Ela já foi presa por ter o nome de uma mulher procurada pela policia por estelionato, ficando dois anos na prisão, até que a advogada da Paróquia que ela freqüenta conseguiu libertá-la. Adorou as estórias, lê para as filhas e é uma das mais queridas do local.
Estas mulheres e outras que não foram nomeadas aqui têm em comum o fato de trabalharem na reciclagem de detritos em um lixão clandestino. Deus não dá carga pesada a pessoas fracas e sim às fortes, mas compadecido talvez, enviou-lhes um de seus anjos encarnados para suavisar algo da aspereza de suas vidas.
Bruxinha (Ceci) é Geofísica e realiza um trabalho voluntário ensinando estas mulheres. Encontrou pelo Google a estória de Adriel e de Axel e passou a imprimir e ler para elas, levando-lhes também um pouco de fantasia, amor, fé e esperança.
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Ilda, Ce, Me, Chica, Lina, Ze e todas não mencionadas aqui:
Este post é uma pequena homenagem para vocês, que agora estão dentro da estória e fazem parte de Etera, aparecendo sempre que for necessária uma ajudinha extra. :DD
Fiquei emocionada ao saber que acompanham e vibram desta forma com nossas estórias e agradeço muito. É o melhor incentivo para continuar e procurarei fazer o melhor para não decepcioná-las. Espero que enviem sempre recadinhos pela Ceci dizendo o que estão achando. Recebam meu abraço com carinho.
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Bruxinha (Ceci):
Você é um anjo renascido na Terra e que veio para trazer conforto, alento e esperança para estas pessoas tão especiais para Deus. Você e Miguel, seu amigo padre que participa também deste trabalho. Agradeço a ambos não apenas por imprimir, distribuir e ler-lhes nossas estórias, como também por vir e contar-nos. Muito obrigada!