(Fabula Nova Crystallis, FFXIII, Versus e Agito) Entendendo a mitologia – Parte 4 – Os deuses

by A Itinerante - Neiva
Belíssima imagem de Coocon. Cliquem e vejam melhor.

Na mitologia de Final Fantasy XIII encontramos o registro de 3 deuses:

The Maker – O deus criador de Pulse, dos fal’Cies de Pulse e dos humanos.
Lindzei – A deusa criadora de Coocon e dos fal’Cies de Coocon
Etro – A deusa que comanda a Porta das Almas, que recebe as almas dos mortos e encaminha-os para o Além.

THE MAKER

Pouco sabemos a seu respeito. Nenhuma imagem e nada mais além do que é dito no jogo ou encontra-se nos Analects. Na versão japonesa ele é chamado de Deus, ao invés de The Maker.

Realmente sua atividade é muito similar ao nosso Deus em nossa criação: primeiro separou o caos, depois criou o universo, os planetas, a vida. O The Maker separa o caos, cria o universo, Pulse, os fal’Cies e os humanos.

À princípio Pulse seria o paraíso, tendo os fal’Cies sido deixados com a responsabilidade de dar continuidade a seu trabalho e a cuidar dos humanos e do planeta.

Depois parte, gerando nos fal’Cies a sensação de abandono e traição. Ele partiu ou morreu?

O Analect 9 – A Porta das Almas diz sobre seus deuses “departed” cuja tradução em sendo adjetivo é morto. Custo a entender como um Deus que criou um universo pode morrer e também os fal’Cies parecem acreditar que o The Maker retornaria sob determinadas condições ou que poderiam ir ao seu encontro atravessando a Porta das Almas. Esta não é a idéia que se tem de um ser “morto”.

Também a sensação de abandono e traição pela sua “partida” não sugere alguém que não mais existe e sim alguém que saiu de um lugar e foi para outro. 
Eles parecem acreditar que The Maker reside no Além, sendo que a Porta das Almas é o portal de passagem para este mundo.
O Analect XI levanta a hipótese de que os fal’Cies dedicam-se obsessivamente à sua busca ou de uma passagem para o Além, onde ele estaria.
O Analect XII menciona pela primeira vez o plano do assassinato de milhares de vidas para “arrombar” a Porta das Almas e assim poderem ver as Divindades que residem além.
Ninguém, nem mesmo os fal’Cies teriam todo este trabalho para reencontrar algo como um corpo vazio. Eles notadamente crêem que o The Maker exista, ou viva, em algum lugar, sendo mais provável o Além após a Porta das Almas.
Desta forma, podemos assumir que o The Maker está morto, mas não no conceito clássico de morte, como o fim da existência e sim como mudança de plano. Deixou de viver em Pulse e continuou a viver no Além.

Ou seja, o conceito do espiritualismo, da sobrevivência da alma, da vida após a morte.

Tanto é que os próprios fal’Cies não temem a morte e mesmo eles a desejam como forma de reencontro com o criador.

Os fal’Cies cultivam a idéia de promover seu retorno ou de irem ao seu encontro, parecendo ser indiferente qual delas, desde que o reencontro ocorra.

LINDZEI

Orphan 1a. forma

Também sobre Lindzei nada existe anterior à sua aparição em Pulse.

O Analect II narra como Lindzei surge do nada, arranca a terra de Pulse e com ela cria Coocon e depois convence os humanos de que lá é o Paraíso, revoltando os Pulsianos remanescentes e dando início ao sentimento de raiva e ódio destes pelos habitantes de Coocon, chamados de filhos de Lindzei, que é comparada à uma víbora.

Em Final Fantasy XIII Ultimate Omega Guide há uma referência à Lindzei, como sendo esta figura às costas de Orphan em sua primeira forma. Uma cobra com asas. O símbolo em destaque na imagem e que também aparece na lâmina da espada é o símbolo dos fal’Cies de Coocon, ou seja, os filhos de Lindzei.

Em Final Fantasy Episode Zero: Tomorow, vemos Lindzei em um ataque devastador à Pulse, destruindo suas cidades, plantações e matando milhares de pessoas, incluindo os pais de Vanille e Fang. Isto ocorre antes da Guerra das Transgressões, 500 antes dos eventos do jogo FF XIII e talvez tenha sido este ataque o causador da animosidade do povo de Pulse contra Lindzei e Coocon.

Pulse semi-destruído após o ataque, a população praticamente dizimada, pouquíssimos sobreviventes. Os fal’Cies restantes são inúteis para a proteção contra as feras e para a reconstrução dos edifícios destruídos. As duas crianças, Vanille e Fang são encaminhadas a um orfanato, onde estabelecem uma sólida amizade e algum tempo depois são escolhidas para encarnarem o Ragnarok, a besta com poder para destruir o escudo de proteção de Coocon e transformadas em l’Cie pela fal’Cie Ânima (também chamada Pulse), protetora de Oerba.

Na Guerra das Transgressões, o exército de Pulse invade Coocon, mas é derrotado pelos fal’Cies do Sanctum (governo de Coocon). A transformação em Ragnarok, de Vanille e Fang, é mal sucedida porque Vanille tem medo e Fang transforma-se sozinha, mas a transformação não é total. Ainda assim, ela consegue provocar um rombo no escudo de Coocon.

A deusa Etro intervém desfazendo a transformação e adormecendo ambas no formato de cristais, com o foco ainda por cumprir. Vanille, Fang e a fal’Cie Ânima são levadas para Coocon, em um local denominado Pulse Vestige, na cidade de Bodhun, onde permanecem pelos próximos 500 anos, ignoradas pelos habitantes do Casulo.

O Analect VIII diz que Lindzei parte, traindo, como o The Maker, os seus filhos e deixando-os órfãos.

Os habitantes de Pulse odeiam os de Coocon, pela devastação provocada por Lindzei e os habitantes de Coocon temem os habitantes de Pulse, pela guerra provocada e pelo temor de que consigam atingir o escudo e derrubar o casulo.

E assim 500 anos transcorrem e chegamos aos dias atuais em que o jogo começa, com o evento denominado Purge, que visa retornar à Pulse todos os Pulsianos e l’Cies de Pulse encontrados em Coocon. Este evento acontece porque a fal’Cie Ânima (ou Pulse) é descoberta em Bodhum, espalhando uma onda de histeria e medo nos habitantes de Coocon.

Estes eventos são narrados em Final Fantasy XIII Episode Zero.

TEORIAS:

Lindzei é uma fal’Cie e não uma Deusa, Lindzei e Bartholomeus são o mesmo e Coocon foi criada por Bartholomeus:

Os fal’Cies de Pulse (que mais tarde tornam-se responsáveis por Coocon e lá vivem) desejam, mais do que tudo, o retorno ou o reencontro com seu criador, o The Maker.

Eles idealizam o plano de destruição em massa dos habitantes de Coocon como forma de arrombar a Porta das Almas e reecontrar o Criador ou que o “barulho” feito traga-o de volta.

Para tanto, promovem a animosidade entre os habitantes de Pulse e Coocon, para gerar a guerra e a destruição.

Se esta idéia surgiu antes da criação de Coocon, como dizem algumas correntes, Coocon teria sido criado com esta finalidade específica.

Em sendo assim, uma hipótese seria a de Lindzei não ser uma Deusa e sim uma fal’Cie criada com o objetivo de criar Coocon de forma agressiva e iniciar a animosidade. Esta hipótese porém cai por terra pelo fato de que os fal’Cies não podem, por sua natureza, matar ou prejudicar os humanos, tanto é que precisam agir através dos l’Cies. E Lindzei promoveu o ataque à Pulse que matou milhares de humanos, algo que um fal’Cie jamais poderia fazer.

Este mesmo motivo invalida a teoria de que Lindzei e Bartholomeus sejam o mesmo, porque ele é um fal’Cie, declaradamente.

E igualmente invalida a teoria de que Bartholomeus seja o criador de Coocon, tal como o próprio alega. Se Lindzei não é uma fal’Cie e sim uma Deusa, não há motivos para que a estória narrada pelos Analects não seja correta e ela seja a criadora de Coocon.

De onde veio, porque criou Coocon e porque partiu não se sabe.

ETRO

A Deusa Etro é descrita como a responsável pela Porta das Almas, conforme já mencionado anteriormente.

Como os demais deuses, nada se sabe sobre sua estória, origem, motivos.

Ao contrário de The Maker, um ser impessoal, e de Lindzei, um ser maldoso, ela é descrita nos Analects como plena de piedade e sentimentos, capaz de chorar pelos mortos e compadecer-se do destino dos humanos.

Talvez os três deuses de FFXIII habitem o mesmo Além e relacionem-se uns com os outros como uma família. Dentro desta idéia, podemos supor uma “rixa” de irmãos entre o The Maker e Lindzei, uma vez que a segunda tenta destruir a criação do primeiro e até mesmo uma concorrência, quando Lindzei cria um mundo melhor do que o Pulse do The Maker e isto usando e maltratando a terra criada por este.

Disputas assim são comuns entre os Deuses em todas mitologias conhecidas. Apesar de gigantescos poderes, ou talvez até por eles, eles são quase sempre infantis, mimados, egoístas e não se preocupam, de fato, com os humanos sob sua responsabilidade, usando-os como instrumentos de suas disputas e brincadeiras, como parece ser o caso de Lindzei.

Etro surge neste cenário, não apenas como uma deusa sensível e bondosa, mas também como aquela com bom senso e responsabilidade suficiente para vigiar e anular alguns atos de seus irmãos, ou talvez apenas os de Lindzei.

O fato é que vemos os deuses interferindo nas criações do outro (Lindzei nas de The Maker e Etro nas de  Lindzei), o que não indica um bom relacionamento entre eles.

Coisas de família?

Continua amanhã…

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