“A palavra alienação tem várias definições: cessão de bens, transferência de domínio de algo, perturbação mental, na qual se registra uma anulação da personalidade individual, arrombamento de espírito, loucura. 
A alienação trata-se do mistério de ser ou não ser, pois uma pessoa alienada carece de si mesmo, tornando-se sua própria negação. Alienação refere-se à diminuição da capacidade dos indivíduos em pensar, em agir por si próprios.” – Wikipedia
“A alienação é precisamente a forma de desapossar os seres humanos das suas capacidades humanas e humanistas, das suas potencialidades, dos seus direitos.” – Vaz de Carvalho – Alienação

Em outras palavras, Alienação, é quando um individuo perde a noção de seus direitos, passando a ser conduzido por outras pessoas e interesses que são contrários aos seus próprios interesses. 
Aplicação prática.
Exemplo 1:
Um homem vai à uma loja, compra e paga por um terno, uma camisa e uma gravata. Quando chega em casa, abre o pacote, percebe que a gravata está ausente. O que faz?
Se for uma pessoa normal: retorna à loja e exige a gravata pela qual pagou.
Se for um alienado: lembra que a vendedora era muito boazinha, fica constrangido, envergonhado e decide “deixar para lá”.
Exemplo 2:
Um pai compra um PS3 como presente de aniversário para seu filho. Quando este tenta jogar, percebe que o aparelho não está funcionando. O que o pai faz?
Se for uma pessoa normal: retorna à loja e exige um aparelho em perfeitas condições de uso.
Se for um alienado: culpa o filho pelo estrago do aparelho, sem certificar-se inteiramente dos fatos, para não ter que “passar a vergonha” de brigar na loja.
Exemplo 3:
Um grupo de pessoas compra ingresso para um filme. Nos momentos finais, uma tela preta surge com a informação de que se quiserem ver o final terão que pagar mais o equivalente à 1/3 do valor do ingresso. O que fazem?
Se forem normais: chamam a polícia, a imprensa, seus advogados, processam o cinema, a produtora do filme, o diretor e todos que podem. Conseguem indenização por danos morais no valor de 2.000 vezes o valor do ingresso (além do final gratuito, lógico).
Se forem alienados: não imagino a hipótese de não haver reação em se tratando de um grupo de pessoas fisicamente reunidas no mesmo lugar e tendo seus direitos violados de maneira tão evidente e sem qualquer coação. Os não alienados protestariam e arrastariam consigo os alienados.
Exemplo 4:
Um grupo de jovens compra um jogo e nos momentos finais, uma tela preta surge com a informação de que o jogo continua, não se sabe como ou quando. Alguns meses após a desenvolvedora lança a continuação através de uma DLC paga. O que este grupo de jovens faz?
Se forem normais: Protestam, boicotam, não compram e fazem tanto barulho que a desenvolvedora vem a público pedir desculpas, dizendo ter se tratado de um mal entendido e que a DLC é absolutamente gratuita.
Se forem alienados: ficam eufóricos de felicidade por poderem jogar o final e pagam alegremente.
Logicamente isto não é um tratado sobre Alienação, que tem significado muito mais abrangente do que processos de compra e direitos de consumidor. Apenas, não se aplica ao tópico toda a discussão e limitei-me ao objeto em questão.



É uma ilusão acreditar que pode-se ceder ao desejo de algo “apenas uma vez” ou “apenas aquilo” e ser não alienado em todo o restante. É como um viciado que nega o vício e tenta diminuí-lo ou o alcoólatra que acha que apenas uma dose não fará mal. Ou como a mulher que apanha uma vez do companheiro e perdoa, acreditando que ele está arrependido. E está. Naquele momento. Assim como ficará novamente arrependido em todos os próximos. Aliás, cada vez mais arrependido, porque cada vez baterá mais e mais forte.

Quando você abre uma exceção, quando você permite que violem um direito que é teu, abre caminho para todos os próximos desrespeitos e perde o domínio sobre a condução de sua própria vida, que passa para as mãos justamente dos infratores, daqueles que desrespeitam.

Pense nisto.

😀

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Nil 09/05/2012 - 17:55

Excelente texto, Neiva. O estranho é que apesar de o consumidor estar cada vez mais informado, exigente econsciente de seus direitos, as mega corporações insistem em tratá-los como imbecis.Muitas vezes fica por isso mesmo, pois muitas pessoas preferem deixar prá lá, do que perder tempo esquentando a cabeça por uma causa dificil. No caso do referido jogo, por mais que eu goste dele, não dou mais um centavo por um dlc. De qualquer forma existe o youtube pra ver o final. Não é a mesma coisa, mas tapa o buraco.

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